Estilo ele tem. Desde que começou a ser fabricado no Brasil, o Astra cativou muitos consumidores, principalmente jovens. Mergulhando de cabeça na onda bicombustível, a Chevrolet inova em oferecer um carro com todas as opções possíveis de abastecimento. O Astra foi o escolhido para carregar o logotipo de Multipower na carroceria e dois cilindros de gás natural no porta-malas.
A liberdade de escolha é total. Onde quer que você esteja, não corre o risco de ficar na rua. Ele bebe álcool, gasolina, puros ou misturados em qualquer proporção, e ainda gás. Vantagens e desvantagens existem, e isso deve ficar claro.
Fora a nova motorização, baseada num bloco de 2.000 cm3, com cabeçote de 8 válvulas, o carro continua oferecendo bom nível de conforto e acabamento, com todos aqueles mimos básicos pra quem assina um cheque em torno de R$ 50 mil. A versão Elegance, que me fez companhia por duas semanas, vem com ar-condicionado digital, conjunto elétrico total, direção hidráulica, alarme, rodas de liga leve e toca-CDs. O Multipower, que só é oferecido no estilo sedã, tem em catálogo, também, o padrão Comfort de acabamento.
Este motor 2.0 é equipado com o sistema eletrônico Flex Fuel, desenvolvido pela Bosch em parceria com a Powertrain para a General Motors, em conjunto com o sistema de injeção seqüencial de gás geração 5, desenvolvido pela Rodagás. O motorista pode selecionar a injeção do combustível que deseja utilizar por meio de uma chave no painel do veículo.
A potência máxima varia de 127,6 cavalos de potência com o uso exclusivo do álcool, 121 cv com gasolina a 105,8 cv com o uso do GNV, todos a 5.200 rpm. O torque é de 19,6 kgfm com o álcool, 18,3 kgfm com gasolina e 16,4 kgfm com o GNV. A taxa de compressão é de 11,3:1.
O sistema de partida é feito pelo sistema gasoso, o que eliminou o reservatório de gasolina para a partida a frio. Para garantir a segurança da partida, sempre que o sistema gasoso diminuir para 15% da sua capacidade, automaticamente a central de gerenciamento eletrônico seleciona o modo combustível líquido, garantindo assim uma reserva segura.
O grande desafio foi garantir o desempenho em qualquer combinação de combustível. Trabalho para o módulo central eletrônico, que monitora o sistema e reconhece a mistura. Os sinais do sensor de oxigênio (sonda lambda) são identificados e cruzados com a informação do sensor de detonação. A partir daí, o programa otimiza o avanço da ignição e promove a combustão da forma correta.
A Chevrolet anuncia números empolgantes de desempenho para o Astra Multipower. Segundo a fábrica, utilizando álcool, a velocidade máxima é de 203 km/h, com a aceleração de 0 a 100 km/h em 9s1. Já quando se utiliza gasolina, a velocidade máxima fica em 198 km/h, com a aceleração de 0 a 100 km/h em 9s8. Com GNV a velocidade máxima fica em 185 km/h, com 0 a 100 km/h em 13s0.
Utilizando apenas gasolina, o Astra Multipower percorre 9,5 km/l na cidade e 15,2 km/l na estrada, com uma média de 12,0 km/l. Quando se abastece com álcool, o Astra percorre 7,2 km/l na cidade e 10,4 km/l na estrada, com média de 8,7 km/l. Quando utiliza o GNV, percorre 12,7 km/m3 na cidade e 17,7 km/m3 na estrada, com uma média de 15,0 km/m3, segundo dados da montadora. A capacidade de armazenamento do GNV varia de acordo com a quantidade de cilindros, podendo ser utilizado um cilindro de 8m3 ou dois, totalizando 16m3. Rafael Tavares
Olho clínico
O GNV é, definitivamente, um alívio pro bolso. Nos quinze dias em que fiquei com o carro, abasteci duas vezes com gás. Enchi os cilindros na primeira e dias depois completei pra calcular a média. Percorri 146,2 quilômetros com 15,17 m3, gastando
R$ 18,76. Uma boa média urbana de 9,6 km/m3, distante dos números divulgados pelo fabricante, mas elogiável.
Agora, seja paciente quando mudar a chave seletora pra GNV. O desempenho do Astra cai bruscamente. Andando no centro, numa condução normal, até que dá pra enganar. Mas quando o motorista decide pisar mais forte no acelerador, o motor parece preguiçoso. Demora a retomar velocidade, principalmente nas saídas de lombada.
Em mesmo sofri pra ultrapassar um carro 1.0, numa retomada em que o ?adversário? abriu vantagem e só foi ultrapassado quando passei a injetar álcool no motor. Aliás, com o combustível vegetal parece outro automóvel. Acelera com desenvoltura e não pede marcha nas subidas. Se ele demora a pegar no frio? Nem pensar. A tecnologia deixou pra trás esse problema, típico dos antigos motores movidos a álcool. Até porque, a partida é sempre feita em GNV, automaticamente.
A suspensão traseira, reforçada em função dos equipamentos exigidos pelo kit de GNV, deixa a desejar quando os cilindros estão vazios. O carro sacoleja demais. Quando estão abastecidos, mudam o comportamento do carro, que fica mais ?na mão?.
Um ponto que poderia ser revisto pela Chevrolet é o rádio. Tem teclas muito pequenas, principalmente pra ligar o aparelho e abaixar o volume. Dirigindo, o motorista compromete a atenção se quiser manusear o equipamento. Vale lembrar aos possíveis compradores do modelo que o porta-malas perde bastante capacidade com a instalação dos dois cilindros – existe a opção com apenas um cilindro, que oferece menos autonomia.
Na balança decisória, pesam dois importantes fatores. Se você quer um carro que rode com pouco dinheiro e dispensa espaço no bagageiro, o Multipower vale a pena, principalmente pela oportunidade de ter um carro movido a GNV com garantia de fábrica. Agora, se desempenho for levado em conta, fique com o bicombustível tradicional. Acelerar no álcool é bem mais divertido. (RT)
FICHA TÉCNICA
Motor: Dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, SOHC duas válvulas por cilindro, injeção eletrônica seqüencial multiponto
Cilindrada: 1.998 cm3
Potência: 121 cv (gasolina), 127,6 cv (álcool) e 105,8 cv (GNV) a 5.200 rpm
Torque: 18,3 mkgf (gasolina a 2.600 rpm), 19,6 mkgf (álcool a 2.400 rpm) e 16,4 mkgf (GNV a 2.600 rpm)
Taxa de compressão: 11,3:1
Câmbio: Manual, 5 velocidades
Comprimento: 4,3m
Largura total: 1,99m
Altura: 1,43m
Entre-eixos: 2,61m
Suspensão: Dianteira -Independente, McPherson, molas helicoidais com compensação de carga lateral, amortecedores pressurizados a gás e barra de torção. Traseira -Semi-independente, barra de torção, molas tipo barril com diâmetro variável e progressiva, amortecedores pressurizados a gás
Freios: Discos ventilados dianteiros, tambores traseiros
Rodas: 15×6 com pneus 195/60R15
Tanque: Gasolina ou Álcool -52 litros; GNV: 8m3 ou 16m3
Preço: Comfort com 1 cilindro de GNV R$ 50.066,00; Elegance com 1 cilindro de GNV R$ 54.519,00; Comfort com 2 cilindros de GNV R$ 51.066,00; Elegante com 2 cilindros de GNV R$ 55.519,00.