Teremos, neste final de semana, a realização de um dos espetáculos automobilísticos mais esperados do país por parte daqueles automobilistas que, como se diz na gíria do meio, têm “gasolina na veia”: o XV Festival Força Livre de Arrancada, que terá lugar no autódromo localizado no município de Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, reunindo pilotos, preparadores e carros de todas as regiões, além de multidão ávida de ver veículos atingirem velocidade acima dos 400 quilômetros horários na distância de 402 metros, o quarto de milha.
Indiscutivelmente essa modalidade de competição automobilística denominada “arrancada” movimenta cada vez mais centenas, milhares de pilotos, construtores, preparadores, patrocinadores, empresários do setor automotivo, público e, somas em dinheiro, criando um mercado consumidor próprio.
Ao ensejo daquele evento, decidimos dar uma marcha a ré no tempo para mostrar aos leitores aficcionados da arrancada que, esse tipo de competição, em Curitiba, teve início na década de 1950, graças à ação de membros do então Automóvel Clube do Paraná, os quais queriam ter um local onde os interessados pudessem acelerar os motores dos seus automóveis e competir.
O local escolhido, com a aprovação dos órgãos oficiais competentes, foi a avenida Sete de Setembro, no trecho compreendido entre as ruas Castro Alves e Presidente Arhur Bernardes.
Os carros percorriam não 402, mas, 1.000 metros, subindo da Arthur Bernardes em direção à Castro Alves, naquilo que se chamava “Quilômetro Parado” e não “Arrancada”.
Um dos destaques das provas era o carro totalmente construído em Curitiba pelo engenheiro mecânico Marcos Corção (o mesmo que preparava o motor da carreteira do piloto Paulo Buso) e pilotado pelo então estudante de engenharia civil Alberto Manoel Glaser Júnior, este com 23 anos de idade.
Acaba de nos revelar Glaser Júnior que, este carro tinha chassi tubular e suspensão independente, motor Ford 59 A provido de dois carburadores e de comando de válvulas Ward ¾ Race, além de câmbio de 3 marchas à frente e diferencial do Ford 1940. A sua carroçaria, bonita por sinal, foi feita por Leocádio Reikedal, na oficina do seu pai Waldemar, que ficava na rua Comendador Araujo, centro de Curitiba.
Na foto que estampamos hoje, operada no dia 2 de fevereiro de 1958, em plena avenida Sete de Setembro, bairro do batel, aparecem o carro de Marcos Corção, tendo ao volante Glaser Júnior, do lado esquerdo o Inspetor de Trânsito Antonio Quege Júnior (de uniforme) e logo atrás deste seu filho menor de idade Moacir, além de um Buick, um Ford 1951 e o público.
Neste dia, competindo com Luiz Afonso Alves de Camargo, que pilotava um Mercury 1956, Glaser Júnior percorreu os 1.000 metros em 29 segundos, com média horária de 124,13 quilômetros. Evoluindo, a competição passou à modalidade de Quilômetro Lançado, tendo por palco a rua Mal. Floriano Peixoto e a rodovia BR-116, mas, essa é outra história… Quanto ao carro em foco, depois de competir em pistas de velocidade na terra, foi vendido, desmanchado e sumiu!