Adir Moss, uma história viva do automobilismo

Extraordinariamente vivaz, calcado em nada menos que 82 anos de experiência de vida, ex-combatente da Segunda Guerra Mundial como soldado da Força Aérea Brasileira, o famoso piloto de carreteira paranaense Adir Alcídio Moss, sempre lembrado nos meios de competições automobilísticas simplesmente como Adir Moss, amavelmente recebeu-nos em sua residência em Curitiba para relembrar os velhos tempos em que o piloto tinha que pilotar mesmo e não apenas calcar botões, rever fotografias da época e trazer de volta o cheiro gostoso da boa gasolina e a visão da poeira levantando nas curvas dos circuitos.

Adir foi um dos últimos paranaenses a construir e pilotar a sua própria carreteira, deixando muitas lembranças e feitos que enriquecem a história das competições automobilísticas no Paraná.

É claro, não poderíamos deixar de repassar aos nossos leitores o tema dessa conversa, para deleite geral. Enquanto seus avós viram da Áustria, Adir nasceu em São José dos Pinhais, filho de Fortunato e Cláudia Zaniolo Moss.

Ainda jovem, com cerca de 22 anos de idade, recém-chegado da Itália, seus primeiros contatos com o mundo das carreteiras foram através de Germano Schlögl, outro famoso piloto desta mesma cidade, cuja história abordaremos em breve.

Germano, que também construiu e pilotou a sua própria carreteira, possuía oficina mecânica em sua residência, onde Adir ia matar a sua curiosidade, pois, já sentia gosto pelas corridas de carro.

“Um dia – relata Adir – Germano me convidou para ser seu co-piloto numa corrida que seria realizada em Caxias do Sul/RS, durante a Festa da Uva, o que aceitei prontamente. Na largada desta corrida alinharam 12 carreteiras, pilotadas por ‘cobras’ da época como Catarino Andreatta, Julio Andreatta, Ítalo Bertão e outros gaúchos. Éramos os únicos pilotos do Paraná e vencemos a competição com a carreteira Ford, motor V8 8BA preparado pelo Germano, mas, na classificação final aparecemos em segundo, sendo o primeiro lugar dado a Catarino.”

Apesar dessa primeira experiência um tanto desagradável, o vírus da gasolina na veia já tinha atingido Adir, que desejava ir em frente.

Observando o potencial dos carros de pilotos locais e de outros estados brasileiros, nas conversas de oficina Adir e amigos de Germano chegaram a conclusão de que era preciso melhorar o preparo do carro e que só conseguiriam isto com equipamento de competição moderno, já com vistas à participação nas Mil Milhas Brasileiras, a mais famosa competição automobilística do país.

Formou-se então uma Associação, reunindo aficcionados do automobilismo e amigos de Germano, decidindo-se que alguém teria que ir aos Estados Unidos buscar o tal equipamento.

Não teve dúvida: Adir, sem saber falar inglês, arrumou a mala, embarcou rumo à Califórnia/EUA e lá adquiriu tudo o que precisava para colocar mais veneno no motor 8BA, entre outras coisas, cabeçotes de alumínio, molas de válvulas, distribuidor especial, coletor de admissão para três carburadores, etc.

Isso tudo, nas mãos de mecânico capaz como era Germano, virou um super-veneno, deixando sua carreteira em condições de igualdade para enfrentar qualquer outro carro ma pista do Autódromo de Interlagos/SP, onde as Mil Milhas da época chegavam a durar mais de 15 horas, num teste cruel para carros e pilotos. Mas esta é outra história que abordaremos na próxima edição. Nos flagrantes, Adir competindo no circuito de São José dos Pinhais, década de 60.

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