A arte de reconstruir um veículo antigo

Quem é do ramo sabe: restaurar veículo antigo não é brincadeira. Agora, restaurar meticulosamente, peça por peça, como faz o empresário do setor automotivo e antigomobilista João Prendim, de São José dos Pinhais/PR, aí são outros quinhentos.

No mínimo, uma restauração convencional leva cerca de 2 anos, mas, Prendim fez a dele, detalhe por detalhe, em menos de 1 ano, tendo como foco uma camioneta Austin A40 modelo Pick Up 1950.

Já ganhou vários troféus em exposições, como o “Motor Beleza” no recente encontro de carros antigos de Antonina/PR e, se expor esse veículo em qualquer evento do gênero no mundo certamente será destaque.

O que dizer sobre o fato de que, ao atarrachar 85 parafusos da caçamba dessa camioneta, Prendim teve o trabalho de posiciona-los todos com a fenda na mesma direção!

Esse é apenas um detalhe do capricho na reconstrução desse veículo que, para ter sacada as rodas traseiras, no caso de um pneu furado por exemplo, exige que seja retirado antes o para-lama completo, preso por 4 parafusos.

Coisa de inglês! Encontrado na zona rural de São José dos Pinhais, em estado precário e sem licenciamento há anos, o Austin foi inteiramente desmontado e refeito de cabo a rabo (até o chassi recebeu polimento), incluindo painel, mostradores e tudo o mais.

Concluída a obra, parece que o veículo acabou de sair da fábrica  – Austin Motor Export Corporation Limited – Longbridge – Birminghan & 479-483 Oxford St. – Londres – Inglaterra – e, na verdade, está até mais bonito pois, foi pintado nas cores metálicas marrom e bege, tipo saia e blusa.

O motor é de 1.200 cc, 4 cilindros fundido numa só peça com o cárter superior, compressão de 7,2 para 1, válvulas na cabeça, dínamo de 12 volts, arranque Lucas, carburador Zenith, câmbio de 4 marchas (3 sincronizadas) mais a ré, trambulador na coluna da direção, suspensão independente na frente com molas helicoidais e semi-elípticas atrás, cabina de aço, caçamba de aço e alumínio com soalho de madeira, sistema de aquecimento e ar condicionado com dispositivo de desembaçamento do para-brisa. Prendim teve uma surpresa quando foi licencia-lo.

O DETRAN/PR entendeu que se tratava de um automóvel cortado, feito camioneta pois, não existia nenhum modelo cadastrado para referência e precisava de laudo do TECPAR.

Teve então que procurar documentação informativa, fotografias, dados técnicos, para comprovar que se tratava de veículo original. Aí sim, obteve a regularização, com mais um detalhe: ficou sendo a primeira camioneta da marca e modelo a ser licenciada no país – placa AUS 1950 – nesta sobre-vida que a ela foi proporcionada, com carinho. Mas, valeu a pena tanto esforço. Agora, é só elogios e curtição!

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