Mesmo com a obtenção da auto-suficiência na produção de petróleo bruto, prestes a acontecer no Brasil, a Petrobras não deverá mudar sua política de preços e tampouco está livre de possíveis déficits na capacidade de refino até o final da década. As informações partiram do presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, em audiência pública realizada no Senado.
Na altura de 2010, daqui a menos de quatro anos, a Petrobras estará produzindo diariamente cerca de 2,3 milhões de barris de óleo bruto, mas sua capacidade de refino deverá estar em 1,895 milhões barris/dia.
Para evitar esse visível antagonismo, a empresa estimula um projeto para concentrar investimentos em refinarias para a transformação do petróleo tipo pesado, do qual o País possui grandes reservas.
Em 2011 deverá entrar em funcionamento a refinaria a ser construída em Pernambuco, em parceria com a PDVSA, estatal venezuelana de petróleo, com a capacidade diária de refino de 200 mil barris, com destaque para a produção de óleo diesel. Recentemente foi anunciado o complexo petroquímico de Itaboraí (RJ), no qual mais 150 mil barris/dia começam a ser processados na mesma época.
Contudo, a despeito da auto-suficiência, os preços da gasolina e óleo diesel não terão uma política de reajustes, tendo em vista que quaisquer mudanças implicam diretamente sobre o comércio exterior do País. Além disso, Gabrielli salientou que o preço no Brasil não pode ser dissociado do preço internacional.
Além disso, os investimentos necessários para a ampliação da capacidade de exploração e refino, isto é, o conjunto de máquinas, equipamentos e serviços, cujo preço é dolarizado, segundo o presidente da Petrobras, também têm seus custos atrelados aos preços internacionais do petróleo.
A produção de petróleo no Brasil teve um incremento de 12,7% nos últimos três anos, média de 4% ao ano, percentual considerado sofrível pela oposição. Gabrielli explicou que a produção não avançou por causa do atraso na entrega das plataformas P-48 e P-50, que deveriam estar operando na Bacia de Campos já no governo FHC.
Outro entrave reside na constatação de que a estatal se pautou por não participar dos leilões de novos blocos de exploração, promovidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).