O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, admitiu que o Brasil fechará 2006 com uma produção média de petróleo abaixo do volume que consome, adiando para fevereiro a tão festejada auto-suficiência sustentável na produção de petróleo. Ele disse que o País já vem produzindo, nos últimos meses, um volume maior do que os 1,85 milhão de barris por dia que consome, mas atrasos em algumas plataformas adiaram em dois meses o fechamento de uma média anual superior ao consumo.
"Vamos atingir os 1,85 milhão de barris por dia, na média de 12 meses, em fevereiro", disse Gabrielli, em jantar de confraternização com jornalistas na noite de quarta-feira. Este ano, a média de produção da empresa no Brasil deve ficar em torno dos 1,8 milhão de barris por dia, abaixo da meta inicial, de 1,91 milhão de barris, por causa de atrasos na entrada em operação da plataforma P-34, do campo de Jubarte, e no cronograma da plataforma P-50, de Albacora Leste, escolhida pela empresa como símbolo da conquista da auto-suficiência.
"Na média mensal, porém, já estamos auto-suficientes", frisou o executivo. Em outubro, a produção da Petrobras no Brasil atingiu a média de 1,821 milhão de barris por dia. Somando as atividades das empresas privadas que chegaram ao País após o fim do monopólio estatal, a produção nacional superou os 1,85 milhão de barris por dia durante cinco meses em 2006, mas a média, até outubro, está em 1,833 milhão de barris por dia, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Além da Petrobras, extraem petróleo do subsolo brasileiro a anglo-holandesa Shell e pequenas companhias criadas para operar campos em terra, como a Marítima e a W.Washington. A participação dessas empresas na produção total, porém, é pequena. A Shell produz em parceria com a Petrobras no projeto Bijupirá-Salema e, segundo informações do mercado, as empresas vêm tendo dificuldades em manter o ritmo de produção do campo.
Gabrielli negou que a campanha de comemoração da conquista da auto-suficiência tenha sido precipitada. Somente em publicidade em TV, rádio e mídia impressa, a Petrobras gastou R$ 37 milhões para anunciar o feito, pouco mais de dois meses antes do início oficial da campanha eleitoral. No fim de abril, a companhia organizou uma cerimônia com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.