Aumentos no governo

Os vencimentos e subsídios do presidente da República, dos ministros de Estado, dos deputados federais, senadores e dos membros do Judiciário (federal e estaduais) e Ministério Público agora têm tetos elevados, porém fixados em valores menores. Tão menores que o presidente Lula, ao dar posse a três de seus novos ministros, chegou a reclamar dos baixos salários dos ministros, de R$ 8.362,80 mensais, qualificando-os de heróis e dizendo que muitos assumem cargos no governo perdendo dinheiro, pois ganhariam muito mais na iniciativa privada. Já comentamos o assunto sob o ponto de vista da inexistência de um ambiente de competição entre o governo e a iniciativa privada no mercado de trabalho, o que talvez justifique a maior eficiência desta e a histórica ineficiência do governo. A rigor, os vencimentos e subsídios da maioria dessas autoridades é elevadíssimo em cotejo com o que ganham os trabalhadores em geral e um escândalo, se comparados ao salário mínimo.

Tais comparações, somadas ao baixo retorno que o Estado brasileiro costuma dar ao povo, aos contribuintes, faz com que a opinião pública entenda que são macrossalários para servidores e serviços que deixam muito a desejar e que não mereceriam ganhos muito diferentes do que aquilo que se paga a um operário. Cerca de 16 milhões de trabalhadores recebem mínimo de míseros R$ 350,00 mensais.

A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara já começou, meio na surdina, a reajustar os vencimentos do presidente da República, do vice, dos ministros, dos deputados e senadores. Lula deverá passar de R$ 8.885,48 para R$ 11.239,24. O vice-presidente da República, que hoje ganha R$ 8.362,80, vai receber R$ 10.578,11. Os parlamentares terão subsídios elevados de R$ 12.847,20 para R$ 16.250,42. E ainda há uma tentativa de que parte das verbas extras que lhes são pagas e os transformam nos mais bem pagos deputados e senadores do mundo não precisem ter comprovação de utilização. Poderão ser simplesmente embolsadas.

Aliás, são essas verbas extras e mordomias, além das comparações com o salário mínimo e os ganhos dos trabalhadores em geral, já para não falar na maior parte do funcionalismo, que também ganha pouco, que fazem com que a gente não se conforme com esses ganhos. E nem entenda por que um deputado ou um senador ganha mais que o presidente da República. Neste ano, o governo federal deu uma correção de 9% para o salário mínimo, que em abril irá de R$ 350,00 para R$ 380,00. Embora nos últimos quatro anos o mínimo tenha tido um aumento nominal (sem descontar a inflação), de 46,15%, está longe de sua definição legal de importância indispensável para o sustento de uma família de trabalhadores. Mal paga a cesta básica e mais alguma coisinha. O Dieese calcula que o mínimo, se seguidos os mandamentos legais, já deveria estar próximo de R$ 2.000,00 por mês.

?No conjunto do País, os salários do Executivo e do Legislativo são altos. Mas se compararmos com as outras representatividades, é baixo (sic), afirmou o deputado Sílvio Costa (PMN-PE). O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), também afirmou que o salário do presidente Lula é baixo. Em conclusão, nem o povo gosta desses salários nem as autoridades que os recebem, aquele considerando-os um exagero e estes sonhando com ganhos que estejam acordes com o ?status? de quem está acostumado a ser chamado de excelência.

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