Aumento do prazo de financiamento leva consumidor à inadimplência

Brasília – A oferta de crédito sem a necessidade de comprovação de renda ou de endereço e a possibilidade de estender o prazo de pagamento para até 72 meses provocou a inadimplência de 11% sobre o capital emprestado, avalia o economista Miguel José Ribeiro, da Associação |Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).  

Ele diz que há alguns anos o período máximo para financiamentos era de 36 meses. Depois, foi estendido para 48 meses e hoje já existe quem financie em até 72 meses (caso dos aumtomóveis, por exemplo). O efeito disso, segundo Ribeiro, é que o cidadão começa a assumir muitos créditos e, no primeiro imprevisto, deixa de pagar porque tem outras prioridades, como aluguel, água, luz e telefone.

A longo prazo, um dos perigos que o economista aponta é a própria possibilidade de a pessoa ficar desempregada e, por isso, parar de pagar as mensalidades do empréstimo.

Para evitar essa situação, ele sugere que o consumidor assuma um comprometimento de no máximo 25% de sua renda. Na avaliação dele, a inadimplência poderia ser parcialmente combatida se as financeiras fossem mais criteriosas para a concessão do crédito ao mesmo tempo em que oferecessem orientações ao consumidor sobre os cuidados que deve ter na hora de financiar.

Ribeiro lembra que, quanto maior o prazo do financiamento maior será a taxa de juros. Quando o consumidor fica inadimplente, diz o economista, ele evita assumir utro compromisso que esteja acima de suas possibilidades. "Isso se ele não tiver tendência de ser um mal pagador?, ponderou.

Ao lado do fator necessidade, o desejo de fazer crediário é também uma questão cultural no Brasil. A rede bancária usa a criatividade para atrair o consumidor. Tradicionalmente, ao final do prazo de entrega das declarações de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), por exemplo, começam as ofertas de empréstimos, baseadas no valor presumido da restituição. Como as instituições têm a garantia da restituição, fazem a consignação para a antecipação do 13º salário (ue acontece em março ou em junho).

No Banco do Brasil, no primeiro semestre do ano, apenas com a linha de crédito para antecipar o pagamento do 13º salário, foram contratadas 60 mil operações, no total de R$ 35 milhões. Para a antecipação da restituição do IRPF, foram 150 mil operações, que somaram R$ 200 milhões. Na Caixa Econômica Federal (CEF) o valor médio dos empréstimos aumentou de R$ 2,2 mil para R$ 3,5 mil no período.

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