As universidades federais vão apresentar uma conta alta para tentar cumprir a meta de igualar o número de matrículas nos cursos diurnos e noturnos, como quer o Ministério da Educação (MEC). Um estudo feito pela Universidade Federal de Goiás (UFG) aponta para a necessidade de R$ 2,75 bilhões nos próximos três anos para que as instituições consigam fazer a ampliação desejada pelo governo. Serão pouco mais de R$ 900 milhões por ano – somados, ainda, a mais R$ 360 milhões anuais para investimentos em pesquisa gerenciados pelas próprias universidades.
O estudo calcula o custo dessa expansão com base no quanto é gasto hoje por aluno em cada instituição, excluindo-se o pagamento de inativos, pensionistas e precatórios e dando pesos relativos aos alunos de pós-graduação e das escolas de ensino médio. A conta é que seriam necessários mais 30% dos gastos atuais para suprir as necessidades da expansão
A idéia básica do estudo é cumprir a meta que está no Plano Nacional de Educação (PNE) de chegar a 2010 com o mesmo número de matrículas nos cursos noturnos e diurnos. Hoje, mesmo com os esforços recentes das instituições para ampliar as matrículas noturnas, elas ainda representam cerca de um terço das matrículas diurnas. Para igualar os dois turnos seria necessário criar quase 300 mil matrículas noturnas, um crescimento de 54% na oferta atual.
Hoje, apenas quatro instituições têm mais alunos no noturno que no diurno: três Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) – as antigas escolas técnicas que hoje têm cursos superiores – e uma universidade tecnológica, no Paraná, também originalmente um Cefet. Mesmo algumas instituições novas, como a Federal Rural do Amazonas e a Rural do Semi-árido (no Rio Grande do Norte), embora criadas recentemente, não oferecem cursos noturnos e agora vão precisar se adequar
?A idéia é que as instituições apresentem projetos para atingir essa meta de igualar as vagas. Com 30% do valor gasto hoje calculamos que seria possível. As instituições aí teriam até 2010 para atingirem a meta?, explica Nelson Amaral, professor da UFG e responsável pelo estudo.
Na conta de Amaral, a Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a da Bahia (UFBA) são as que precisariam de mais recursos: R$ 232,2 milhões para o Rio – a segunda maior federal em matrículas – e R$ 197,9 para a Bahia – uma das que têm, proporcionalmente, o menor número de vagas noturnas no País.
O estudo ainda vai ser analisado pelo conjunto de reitores, mas é visto com simpatia pela maior parte dos que tiveram tempo de analisá-lo. ?O consenso é que se trata de um caminho interessante para atingir um dos objetivos do ministério?, avalia Paulo Speller, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). ?Colocamos uma alternativa para essa expansão que o governo pretende?, diz o reitor da UFG, Edward Brasil.