A incidência e a mortalidade por tumores de cérebro – neoplasias do encéfalo, das meninges cerebrais e dos nervos intracranianos, sejam elas benignas, malignas ou de comportamento incerto – vêm aumentando ao longo das últimas décadas em vários países, sobretudo entre idosos.
No Brasil, a taxa de mortalidade aumentou 49,9% entre 1980 e 1998, sendo as neoplasias encefálicas responsáveis por mais de 90% do total de óbitos nesse período. Os resultados são de um estudo dos pesquisadores Sérgio Koifman e Gina Torres Rego Monteiro, do Departamento de Epidemiologias e Métodos Quantitativos em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp).
Os dados de mortalidade foram retirados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (Sim), que consolida os óbitos ocorridos no país. Os pesquisadores analisaram a freqüência de tumores cerebrais em relação ao total de óbitos por câncer, a localização anatômica da neoplasia (encéfalo, meninges ou nervos), a natureza tumoral (maligna ou benigna) e a distribuição da mortalidade por faixa etária e por sexo.
Os óbitos por câncer de cérebro corresponderam a 3,4% do total de mortes por câncer em 1980 e a 4,4% em 1998. Segundo os pesquisadores, os tumores malignos foram mais freqüentes, representando cerca de 80% dos casos. Em relação ao sexo, a taxa de mortalidade apresentou um perfil de crescimento semelhante, sendo maior entre os homens. Nesses 18 anos estudados, a mortalidade por tumores de cérebro também apresentou taxas mais elevadas na infância do que na adolescência e um aumento proporcional à idade entre os adultos, sendo maior nos idosos.
Os tumores de encéfalo representaram 90% das mortes por tumores cerebrais. A magnitude foi maior entres os homens, embora o crescimento tenha sido maior nas mulheres. Quanto à distribuição por idade, esses tumores apresentaram taxas reduzidas entre os jovens, não ultrapassando um óbito por 100 mil habitantes na faixa menor de 30 anos.
De acordo com os pesquisadores, a elucidação dos fatores relacionados ao aumento da taxa de letalidade permitiria a elaboração de práticas preventivas com vistas à redução desses tumores. Alguns autores têm relacionado esse crescimento à maior disponibilidade de acesso aos cuidados com a saúde, em especial aos meios de diagnóstico por imagem. Outros apostam na maior exposição a potenciais fatores de risco para esses tumores, entre eles, a radiação eletromagnética e os agroquímicos. Mas outros estudos devem ser feitos para estimar as razões do aumento das taxas de mortalidade por tumores de cérebro em todo o mundo. (Ascom Fiocruz)

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