A intenção de compras do consumidor nos próximos meses aumentou em setembro ante agosto, na avaliação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que divulgou nesta quarta-feira (27) o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de setembro. O levantamento abrange amostra de 2.000 domicílios, em sete capitais, com entrevistas entre os dias 1 a 21 de setembro.
Um dos quesitos que formam o índice é o de compras futuras. De acordo com o levantamento, passou de 9% para 12,3% a parcela dos entrevistados que projeta maior volume de compras nos próximos seis meses, de agosto para setembro. Esse resultado puxou para cima o resultado do Índice das Expectativas (um dos dois índices formadores do ICC), que subiu 0,8% em setembro ante agosto. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, isso impulsionou a alta nas expectativas (detectada pela FGV, pelo resultado do índice de mesmo nome). "O consumidor está mais disposto a consumir", afirmou.
Na avaliação do técnico, além da continuidade da grande oferta de crédito, principalmente consignado, outro fator também tem contribuído para o aumento na parcela de consumidores interessados em comprar mais nos próximos meses: o aumento do salário mínimo em maio, que conduziu a uma alta no poder aquisitivo, principalmente de baixa renda.
A FGV também detectou aumento na parcela de consumidores poupadores, de agosto para setembro. No período, passou de 12,8% para 14,7% a participação dos entrevistados que informaram estar poupando no período. Em contrapartida, a parcela dos pesquisados que informaram estar se endividando no período refletiu uma estabilidade, de 20,8% para 20,9%. "Creio que as famílias estão com melhores condições de consumir. O crédito consignado deu um fôlego maior de consumo a essas famílias", disse.
Inflação
A projeção de inflação do consumidor para 12 meses atingiu, em setembro, o menor nível da série histórica do ICC, iniciada em setembro do ano passado. Segundo a FGV, em setembro, a projeção de inflação para 12 meses ficou em 6,4%, ante 6,7% em agosto.
De acordo com Salomão Quadros, o consumidor tem uma visão de inflação diferente da demonstrada pelos analistas do mercado financeiro, por exemplo. "O mercado já reduziu muito as projeções de inflação em meados do ano passado. O consumidor está fazendo isso muito tempo depois", disse, acrescentando que a avaliação do consumidor é um pouco "mais lenta".