Audiência pública vai discutir agressões a mendigos de Paranaguá

Uma audiência pública será realizada em Paranaguá na semana que vem para debater sobre as agressões cometidas contra moradores de rua da cidade, que seriam cometidas por guardas municipais. A decisão foi tomada durante reunião extraordinária do Conselho Permanente de Direitos Humanos (Coped), vinculado à Secretaria da Justiça e Cidadania, realizada nesta terça-feira (17), em Curitiba.

O encontro contou com os secretários estaduais da Justiça, Jair Ramos Braga, e da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, além de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, do Ministério Público, do Poder Judiciário e de organizações não governamentais de defesa de direitos humanos. ?Este é um caso gravíssimo de afronta aos direitos humanos, de afronta à dignidade do ser humano sem precedentes e a população precisa saber que isso é crime e que não pode ser referendado por pessoas de bem da cidade de Paranaguá?, afirmou Delazari.

O padre Adelir Antônio de Carli, que fez as denúncias, também participou da reunião. Os acusados de tortura e maus-tratos foram identificados como sendo o secretário municipal da segurança pública de Paranaguá, Álvaro Domingos Neto, e sete guardas municipais, que tiveram as prisões preventivas decretadas. O secretário e quatro guardas municipais foram presos no último dia 6. Três guardas municipais permanecem foragidos.

Denúncias

Na reunião do Conselho, o padre Adelir Antônio de Carli confirmou que ?a prática de expulsar e maltratar moradores de rua é notória em Paranaguá e que pessoas que lutam pela igualdade entre os cidadãos não podem se conformar com isso?. Segundo ele, há informação de que pessoas da prefeitura local tinham conhecimento destes atos.

O promotor de Paranaguá, José Luiz Loretto de Oliveira, foi quem recebeu o relatório do inquérito policial que apurou as denúncias. Ele decidiu não só denunciar o caso ao Poder Judiciário como pedir as prisões preventivas dos acusados. ?Não podemos nos calar diante dos fatos, pois há risco de continuidade das agressões e até de mortes de vítimas. Por isso pedimos as prisões preventivas?, afirmou.

O caso também será levado à Procuradoria Geral de Justiça, para apurar se o prefeito e o vice-prefeito sabiam das práticas atribuídas pelos moradores de rua a integrantes da Guarda Municipal. Além disso, a secretaria da Segurança Pública vai comunicar o fato ao Ministério da Justiça, e à Organização das Nações Unidas e à Organização dos Estados Americanos, incluindo uma cópia do inquérito para as respectivas comissões de direitos humanos acompanhem as investigações e punição dos responsáveis.

Por sua vez, o advogado Dálio Zippin, que integra o Conselho Nacional de Direitos Humanos, lamentou que a população de Paranaguá possa estar concordando com as práticas. ?Uma audiência pública ajudará numa mudança de mentalidade?, acredita ele.

Para Leandro Franklin, que coordena a organização não-governamental Terra de Direitos disse que práticas de xenofobia e discriminação como as apuradas em Paranaguá não podem se disseminar. ?Essa audiência pública deverá ter um caráter pedagógico, de esclarecimento aos moradores de que há a necessidade premente de respeito aos direitos humanos e resgate da cidadania de qualquer pessoa, incluindo os moradores de rua?, disse.

Ele convidou para participar da reunião, a advogada Renata Lira, que representa a organização não-governamental Justiça Global. ?Fomos surpreendidos com estas denúncias. Vamos acompanhar de perto a apuração dos fatos e queremos que os culpados sejam exemplarmente punidos?, disse ela.

A data e o local em que será realizada a audiência pública serão definidos nos próximos dias.

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