Atuação das milícias divide especialistas no Rio de Janeiro

Milícia e segurança privada. Para a antropóloga e especialista em segurança pública Alba Zaluar, do Rio, não há diferença além dos títulos que recebem – ambas cobram para atuar e andam armadas. Distinção: uma está nas favelas e comunidades carentes e a outra, em bairros de classes média e alta. A tese de Alba não é consenso. Outros especialistas associam as milícias ao tráfico e à máfia.

Segundo a antropóloga, as empresas de vigilância que trabalham na zona sul (Copacabana, Ipanema e Leblon) também são compostas de agentes de segurança, sendo que boa parte age ilegalmente, como nos grupos de paramilitares. ‘Também são policiais e ex-policiais que ganham dinheiro com a segurança privada.’ Para ela, o principal problema da ação desses grupos é a falta de ‘organização’ das polícias. ‘Estão defasadas para o tempo em que vivemos. Ainda têm a conotação de regime militar, formada para conflitos de guerra.’ Para Alba, o problema no Rio seria solucionado com policiais mais bem pagos. ‘Falta a presença do Estado como monopólio legítimo contra a violência. A nossa segurança desandou, está muito mais privada do que pública.

O professor de Sociologia e coordenador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Michel Misse, vê a atuação das ‘chamadas milícias’ mais próximas da máfia. Ele não concorda com o termo milícia. ‘Está associado a movimentos de guerrilha, movimentos políticos ou instituição. Milícia para designar banditismo não é adequado.’ Segundo ele, não há semelhança porque uma empresa legal de segurança está submetida a regras. ‘Nesse caso (das milícias), quem controla são os policiais e uma pessoa que não queira pagar a contribuição, tem sua casa invadida.

Para a cientista social e coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, Silvia Ramos, a milícia é imposição – a comunidade está impedida de lhe dizer não. Ela ressalta que a milícia é um grupo armado que decide ocupar espaço. ‘Tem uma dinâmica mais ligada à ilegalidade do tráfico, com a diferença que não vende droga, por enquanto.

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