Mais uma vez o Brasil ocupa as manchetes dos principais jornais e é citado em telejornais ao redor do globo, não por alguma conquista relevante no campo social, tal como o acesso dos miseráveis aos bens fundamentais da sobrevivência. Infelizmente não foi por esse motivo.
O Brasil é notícia mundial pelo bárbaro assassinato da freira norte-americana Dorothy Stang, naturalizada brasileira, há vinte anos trabalhando como agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), entre agricultores sem terra da região de Altamira, no Estado do Pará. Na madrugada do último sábado, a frágil mas convicta religiosa recebeu seis tiros à queima-roupa, disparados por capangas dos grileiros que infestam a região, impondo seu código particular de deboche e afronta aos preceitos legais de ordem e justiça.
Estigma indelével perpetrado de forma insolente na face do governo e da sociedade, no momento que o Brasil passa a ser ouvido e levado em consideração em importantes entidades como a ONU, G-7 e Organização Mundial do Comércio (OMC) e quando assume posição de vanguarda na formação de uma comunidade de países sul-americanos para sustentar em bloco suas reivindicações.
Há um clamor generalizado pela ação implacável do governo na busca e prisão dos matadores e seus mandantes. Esta foi, aliás, a palavra empenhada pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Resposta imediata que a sociedade deve exigir das autoridades, antes que o País se transforme numa terra de ninguém.