O mau cheiro será mais um adversário a ser superado pelos 5.500 atletas que participarão dos Jogos Pan-Americanos do Rio, a partir de 13 de julho, durante a estada destes na Vila Pan-Americana. O secretário municipal de Obras e Serviços Públicos, Eider Dantas, admitiu ontem que se a Unidade de Tratamento de Rio (UTR) a ser construída não ficar pronta, produtos químicos serão utilizados para amenizar o odor fétido do canal Arroio Fundo, que contorna a construção. Em seguida, também confirmou a privatização do Estádio João Havelange, após as disputas;
"Temos hoje produtos químicos que não atingem o meio ambiente e diminuem o odor. Mas, em qualquer lugar que a gente fique por mais de três horas, logo nos acostumamos com o cheiro. Seja ele bom ou ruim", disse o secretário municipal de Obras. "É um gol contra para o Rio. Mas fazer o quê?
De acordo com o secretário, a UTR pode demorar a ficar pronta, por causa do impasse que envolveu a prefeitura e o governo federal para o repasse da verba de urbanização da Vila Pan-Americana. Os R$ 53 milhões que deveriam ter sido depositados no ano passado só ficaram disponíveis neste mês, por causa de entraves jurídicos envolvendo o município
A princípio, a delegação dos Estados Unidos, que se hospedará no prédio ao lado do rio, será a principal afetada pelo mau cheiro. O local foi escolhido justamente porque, em caso da necessidade de retirada dos atletas da Vila, os atletas norte-americanos teriam, no canal, mais uma opção de fuga
Mau negócio
Ao acompanhar o presidente da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa), Mário Vázquez Raña, na visita às construções do Estádio João Havelange, o secretário municipal de Obras informou que após os Jogos o local será privatizado por 30 anos. De acordo com o político, os R$ 380 milhões investidos no Estádio do Engenhão não serão recuperados nesse período, mas "o mau negócio passará a ser bom", porque a prefeitura deixará de gastar R$ 200 mil mensais para sua manutenção
"Ofereci a todos os grandes clubes do Rio, mas ninguém se interessou. Não podemos é transformar isso aqui no que hoje é o Maracanã: cabide de empregos, onde se rouba ingressos, dinheiro de renda e ninguém paga por credenciais", destacou Dantas. "O Maracanã é o melhor exemplo do que há de pior em gestão pública. O poder público não pode se meter neste tipo de administração.
O secretário estadual de Turismo, Esporte e Lazer, Eduardo Paes, responsável pela administração do Maracanã, concordou com Dantas mas destacou que o Maracanã é um "caso complexo" e merece atenção especial para os problemas serem resolvidos