O governo não desistiu da integração energética na América do Sul, apesar da crise com a Bolívia. Especialmente na área do gás será necessário recorrer às reservas dos países vizinhos para atender à demanda. "Precisamos de regras bem amarradas, que garantam a segurança no relacionamento entre os povos e estejam acima das querelas regionais", disse o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau.
O clima, porém, anda tenso na região. Depois da Bolívia nacionalizar o setor de petróleo e gás, o Equador nacionalizou os ativos da petrolífera Occidental na semana passada. Na quarta-feira, a Argentina ameaçou cassar licenças de empresas do setor que para o governo não tivessem investido o suficiente.
Mas os planos brasileiros de integração energética continuam em vigor. Para o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, investir em países instáveis é parte do negócio. No governo, comenta-se que um eventual prejuízo da estatal na Bolívia "já estava no preço" desde que ela decidiu investir no país. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, lembrou que a Bolívia sofre de instabilidade política estrutural. Nos 3 anos e meio de governo Lula, foram 4 presidentes.
Por isso, o governo brasileiro não arquivou os planos de construir o polêmico Gasoduto do Sul, projeto de US$ 20 bilhões que ligará as reservas da Venezuela à Argentina, passando pelo Brasil, com participação futura de Bolívia e Peru. Essa rede garantirá o abastecimento de mercados como Brasil e Chile. Os contratos, disse Rondeau, terão de ser feitos de forma a impedir que um sócio zangado "feche a torneira" e prejudique todo o sistema.
Para tornar o suprimento mais seguro, o Brasil vai explorar mais rapidamente suas próprias reservas e viabilizar a importação de gás de outros mercados, como África e Caribe. Para Amorim, a integração é destino, não escolha. "Ou nos integramos por bem, pelo comércio, pela infra-estrutura, ou nos integramos por mal, pelo narcotráfico, pelo contrabando.