O secretário de Segurança Pública do Rio, o delegado federal Roberto Precioso Jr., atribuiu a série de 12 ataques criminosos na capital fluminense desde a última noite a uma suposta insatisfação dos presidiários com a troca de governo. Para o secretário, líderes de facções criminosas do Rio (ADA, CV e TC) planejaram a ação nos presídios e estão agindo em conjunto para barganhar com o novo governo. Na opinião dele, os criminosos querem evitar um eventual endurecimento do sistema prisional por parte da nova gestão. Precioso disse que o sistema penitenciário atualmente está "acomodado" e que os presos temem mudanças.
O secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, discordou de Precioso e afirmou que vem alertando há dois meses sobre o processo de união das facções criminosas contra o avanço das milícias, organizações criminosas formadas por ex-policiais que estão expulsando traficantes de favelas, com base em informações produzidas pela seção de inteligência da própria secretaria de segurança. "Esse assunto de milícias para mim é uma grande besteira", discordou Precioso, revelando a falta de entendimento entre as autoridades.
Precioso afirmou que o setor de inteligência da secretaria tinha informações sobre os planos dos criminosos e alertou delegacias e policiais militares. Desde a última noite, foi registrada um. Dezoito pessoas morreram até agora. Apesar do alto número de vítimas, o secretário afirmou que as conseqüências poderiam ter sido ainda piores. "Ao contrário do que aconteceu em São Paulo, conseguimos conter a ação criminosa. Houve confrontos e foi reforçado o trabalho de rua.
Kamikaze
Ao lado do chefe da Polícia Civil, Ricardo Hallack, e do comandante da Polícia Militar, coronel Hudson de Aguiar – que nada disseram – Precioso disse que ataques como o ao ônibus da Itapemirim são muito difíceis de serem impedidos. "Esses ataques são quase kamikazes, os bandidos contam com o fator surpresa.
Apesar de admitir que a onda de ataques ainda está em curso, o secretário disse que a ação está sendo contida pela polícia e afirmou que a população pode confiar no trabalho das forças de segurança. Ele afirmou que manterá o esquema de segurança montado para a festa de ano-novo na Praia de Copacabana, onde estão sendo esperadas mais de um milhão de pessoas, mas ressaltou que não pode afastar riscos de incidentes no evento. "Risco existe. Esse risco é permanente. Mas a polícia estará atuando com todos os recursos disponíveis", disse.