Ataques e politicagem

Politizar a guerra urbana e seu combate é colaborar com o inimigo, trabalhando contra o povo. É distorcer os fatos e torcer para o ?quanto pior, melhor?, abastecendo a campanha política com engodos que podem servir tanto à oposição quanto à situação, mas jamais à sociedade. Políticos envolvidos no embate eleitoral deste ano proclamam a necessidade de deixar os ataques do crime organizado e a defesa da sociedade longe dos comícios, da propaganda. Mas estes mesmos e até candidatos ?et caterva?, até ao negar a conveniência e legitimidade de politização desta batalha que está manchando de sangue e produzindo destruição e medo em São Paulo e outros estados, põem lenha na fogueira, insinuando supostos culpados para apontar uma direção ao eleitorado que melhor lhes convenha. Ainda plantam supostos culpados, ignóbil maneira de procurar captar votos.

O governo Lula oferece, através do ministro da Justiça, Thomaz Bastos, ajuda ao governo Carlos Lembo, de São Paulo. Como Lembo é do PFL, partido que indicou o vice-presidente na chapa do peessedebista Geraldo Alckmin e este foi, até há pouco, governador do maior e mais importante estado da federação, tal oferta permite insinuações de que o grupo do PSDB-PFL é incapaz de devolver a paz ao povo paulista, senão até responsável pela insegurança que se instalou. A negativa do governo paulista de aceitar a ajuda policial do governo federal, de outro lado, parece esconder o temor de que se ela se der, favoreça o candidato do governo, que é o próprio presidente Lula.

São explicáveis as duas atitudes: a do governo federal, oferecendo ajuda, e a do governo de São Paulo, rejeitando-a e só aceitando a colaboração federal com o fornecimento de instrumentos e pessoal de inteligência no campo da segurança; e a do governo de São Paulo, que entende que uma ajuda com o emprego da Força Nacional de Segurança, além de ineficiente, daria pretexto para que situacionistas mal-intencionados busquem tirar vantagens eleitoreiras dessa colaboração.

O estado vizinho conta com cerca de 130 mil policiais. A Força Nacional de Segurança, recém-formada pelo governo da União, com apenas cerca de duas centenas de homens armados, policiais arrebanhados nos estados. Uma gota d´água que não chove nem molha, mas pode servir de pretexto para conquistar votos. De outro lado, o fornecimento de verbas para auxiliar a segurança pública nos estados, obrigação efetiva do governo federal, vem sendo sonegado. Neste ano, a União não mandou um tostão para São Paulo com o objetivo de aplicação no sistema de segurança e penitenciário. Neste momento derradeiro, em meio à batalha, abriu mão de apenas R$ 100 milhões. E no ano passado, liberou apenas 12,67% do dinheiro disponível para o Fundo Penitenciário.

Existem óbices de ordem constitucional para o fornecimento de uma ajuda escancarada, pois pode significar intervenção federal num estado. Gente no sistema de segurança pública e penitenciário de São Paulo tem de sobra. Serviços de inteligência policial da União e o dinheiro que para o setor é devido, já disseram os governantes paulistas que é bem-vindo. Podem ajudar na batalha contra o crime e pouco ou quase nada em termos de eleitoreirismo. O problema é que, enquanto os situacionistas e os oposicionistas se alfinetam, os bandidos matam, jogam bombas, incendeiam, mostrando que são candidatos fortes na luta pelo poder.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna