São Paulo – A divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, na quinta-feira, será o principal evento da semana. Pelo interesse que desperta, será suficiente para manter o mercado movimentado na semana que antecede o Natal, comenta Maristella Ansanelli, economista-chefe do Banco Fibra. "A tendência é que depois os negócios se esvaziem de vez por causa das festas de fim de ano."
Maristella diz que o interesse do mercado pela ata do Copom ficou reforçado, desta vez, porque a redução de 0,50 ponto porcentual na taxa básica de juros, que encolheu de 18,50% ao ano para 18%, foi resultado de uma votação dividida – dois dos oito diretores do BC sugeriram corte de 0,75 ponto porcentual, refletindo a divisão de prognósticos no mercado financeiro.
O que o investidor quer saber na ata é que argumentos foram usados por um grupo e outro, se as posições estiveram ligados à tendência da inflação ou ao comportamento da atividade econômica. "As explicações da ata poderão servir de indicação importante do cenário à frente projetado pelo Banco Central para as decisões sobre o juro." A próxima reunião do Copom ocorre nos dias 17 e 18 de janeiro. O encontro seguinte, já seguindo o intervalo de 45 dias entre uma reunião e outra, será nos dias 7 e 8 de março.
O mercado financeiro estará atento ainda à possível definição do novo valor do salário mínimo, afirma a economista do Fibra. A preocupação do mercado é com o impacto do novo mínimo nas contas do governo, principalmente da Previdência Social. Maristella diz que politicamente poderia não haver espaço para a fixação de piso salarial inferior a R$ 340, valor supostamente defendido pelo governo, mas um aumento de 13,3% provocaria efeito negativo sobre as contas públicas.
A reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) que vai definir a nova Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) é outro evento que estará no foco do mercado. A nova TJLP, que é o custo do financiamento concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à produção, será fixada na quinta. "A tendência é que permaneça em 9,75%", diz.
Dentre os indicadores de inflação, os principais são a segunda prévia de dezembro pelo IGP-M e pelo IPC da Fipe, com divulgação terça-feira. O IPCA-15 de dezembro, estimado em 0,35% por Maristella, será anunciado na quinta. Pelo lado externo, o índice de preços ao produtor (CPI) americano, que sai terça-feira, deve vir em linha com a inflação ao consumidor, divulgada semana passada, prevê a economista do banco Fibra.
