Ata do Copom diz que aumento dos juros é vigilância contra inflação

A persistência da inflação nos últimos meses foi a principal causa da elevação
da taxa básica de juros (Selic), na semana passada, para 19,75% ao ano pelo
Comitê de Política Monetária (Copom). É o que informa a ata da reunião do Copom
divulgada hoje pelo Banco Central. De acordo com o documento, só a manutenção da
taxa de juros estabelecida em abril, mesmo que por um período longo, "não
proporcionaria condições adequadas para assegurar a convergência da inflação
para a trajetória de metas".

Como resultado, o colegiado de diretores do
BC decidiu, por unanimidade, aumentar a taxa em 0,25 ponto percentual e
acompanhar atentamente a evolução do cenário de preços do mercado até a reunião
de junho, e só então definir os próximos passos na estratégia de política
monetária implementada desde setembro do ano passado, quando a Selic era de
16%.

A exemplo das atas das reuniões anteriores, o Copom ressalta a
necessidade de a autoridade monetária estar pronta para adequar o ritmo e a
magnitude dos ajustes da taxa de juros, caso os fatores de risco para a inflação
aumentem. O comitê promete manter-se "especialmente vigilante" para evitar que
pressões de curto prazo se propaguem, posto que a política monetária atua com
defasagem sobre a inflação.

A ata destaca, por exemplo, que os efeitos do
ciclo de aumentos da Selic, a partir de setembro de 2004, já se fazem sentir
tanto na contenção de preços no primeiro trimestre deste ano quanto nas
projeções do BC e dos analistas do setor privado. Ressalta que os efeitos do
processo "ainda não se fizeram sentir integralmente", em virtude da
"persistência de focos de pressão" que contaminam a inflação corrente e
contribuem para deteriorar as expectativas futuras.

O documento do Copom
manifesta surpresa com o resultado da variação do Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) no mês de abril, que registrou inflação de 0,87% — bem
acima dos 0,61% de março, em que pese a elevação da taxa básica de juros em 3,5
pontos percentuais até então.

Mais uma vez, os preços administrados por
contrato, ou monitorados (combustíveis, energia elétrica, telefonia, educação,
remédios, água, transporte urbano e outros) deram forte contribuição para o
aumento da inflação. Houve aumento de remédios, das tarifas de ônibus em três
capitais, das contas de energia elétrica em cinco regiões, da alíquota do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e reajustes no valor
da taxa de iluminação pública.

Isso contribuiu para que os preços
administrados aumentassem 1,14% em abril, respondendo por 0,34 ponto percentual
na composição do IPCA. O Copom acredita que esse segmento terá menor peso daqui
para frente e projeta inflação acumulada dos preços administrados em 7,3% neste
ano, contra projeção anterior de 7,2%. O Boletim Focus da última segunda-feira
(23) projeta índice de 7,8%.

De acordo com as novas informações
disponíveis sobre tendências dos preços públicos e dos serviços monitorados, a
ata do Copom manteve a hipótese de inflação zero este ano para gasolina e gás de
cozinha; reavaliou de 7,9% para 8,6% os reajustes acumulados das tarifas de
telefonia fixa; e manteve a expectativa de 10,8% para os reajustes das tarifas
de energia elétrica residencial.

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