Menos de um mês depois de voltar da Estação Espacial Internacional e ser recebido no Brasil como herói nacional, o primeiro astronauta brasileiro, tenente-coronel Marcos Pontes, pediu para entrar na reserva. Isso permitirá que ele cobre por palestras e se dedique a atividades na iniciativa privada
O afastamento da carreira militar foi comunicado ao comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, numa reunião na semana passada. A decisão caiu como um balde de água fria entre os defensores da viagem de Pontes ao espaço, principalmente a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Todos imaginavam que, depois da missão que custou US$ 10 milhões ao País, o astronauta atuaria como garoto propaganda do programa espacial e em favor da divulgação científica
Uma das especulações é de que Pontes, com o afastamento, passará a prestar serviços para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A entidade não confirma a informação. Numa entrevista no site do Ministério da Defesa, Pontes diz que pretende "trabalhar pelo Brasil num sentido de juventude" e que espera a colaboração "da indústria nacional e do governo.
Em seu site – no qual não faltam informações para a contratação de palestras – o astronauta afirma estar disposto a criar um instituto destinado a incentivar a educação para crianças de baixa renda. No texto ele reforça sua esperança em contar com o apoio da Força Aérea e do Senai para o projeto
A decisão de Pontes frustrou os planos divulgados pelo presidente da AEB, Sérgio Gaudenzi. No retorno do astronauta ao Brasil, ele afirmara ao Estado que Pontes teria carta branca para decidir qual seria seu destino na agência. Ele foi convidado, por exemplo, a participar de uma viagem que a AEB faria para os Estados Unidos, para discutir a parceria do Brasil com a Nasa. Outra possibilidade seria a de Pontes trabalhar na formação de novos astronautas
Agora, com sua saída da carreira militar, qualquer participação na AEB terá de ser negociada – e remunerada. O único vínculo que Pontes mantém com a AEB, no momento, é o compromisso de proferir – gratuitamente – palestras que já estavam agendadas.
