Marcos Pontes, o primeiro astronauta brasileiro, já está em Moscou e passa bem. Deverá ficar na Rússia pelo menos até o dia 19, para se readaptar à gravidade da Terra. Ele chegou ao planeta – mais precisamente ao deserto do Casaquistão – na noite de sábado, após dez dias no espaço. Junto com ele, vieram o americano William McArthur e o russo Valeri Tokarev.
Antes de deixar o Casaquistão, os três astronautas foram homenageados pelo governo local. Durante a cerimônia, vestiram trajes típicos dessa ex-república soviética. O avião com os três procedente da cidade de Kustanay, aterrissou hoje (9) na base aérea de Chkalovski, nos arredores de Moscou, onde eram esperados por parentes e amigos, assim como pelos responsáveis pelas agências espaciais do Brasil, da Rússia e dos EUA.
Logo depois, foram levados de ônibus à Cidade das Estrelas, a principal base dos cosmonautas russos, a poucos quilômetros de Moscou. Lá, Pontes e seus colegas serão submetidos a um programa de reabilitação. O americano e o russo, que estavam na Estação Espacial Internacional (ISS) desde outubro, ficarão lá por várias semanas.
A principal dificuldade é a readaptação à gravidade. Pontes, que passou dez dias no espaço e estava mais bem disposto que seus companheiros, precisará de menos tempo. Ficará na Cidade das Estrelas durante dez dias.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou hoje uma nota de cumprimento a Marcos Pontes. "Em nome da Força Aérea Brasileira, do Ministério da Ciência e Tecnologia e de todo o nosso povo, quero dar as boas-vindas ao astronauta Marcos Pontes em seu retorno à casa."
Na nota, Lula avalia que a missão teve "êxito extraordinário" e que o astronauta, por seu "empenho", "dedicação" e "simpatia", entrou "definitivamente para a galeria dos grandes personagens do nosso País". "O êxito extraordinário de sua missão e os experimentos feitos na estação espacial foram motivo de grande orgulho e satisfação para nós", continua a nota.
Na opinião de Edmilson de Jesus Costa Filho, analista de ciência e tecnologia do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), as pesquisas têm pouca importância. "Como não temos centro de treinamento de astronautas, é provável que o conhecimento que ele ganhou e as novidades que trouxe do espaço não sejam implementadas no Brasil ou mesmo compartilhadas."
Segundo o analista do CNPq, a viagem, que custou US$ 10 milhões, valeu para melhorar a imagem do programa espacial brasileiro. "É muito relevante no aspecto do marketing, de ressaltar na mídia a importância positiva que o programa espacial traz." De acordo com ele, desde o acidente na plataforma do veículo lançador de satélites (VLS), que matou 22 técnicos em 2003 em Alcântara (MA) as atividades espaciais brasileiras têm ocupado espaço negativo nos meios de comunicação.