Brasília ? No dia 22 de março deste ano, o Brasil vai enviar, pela primeira vez, um astronauta em uma missão especial ao espaço, o tenente-coronel Marco Pontes. Junto com ele, devem ir nove pesquisas científicas produzidas no país, dentre elas, uma da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que pretende avaliar o comportamento de uma semente de uma árvore tropical em uma estação espacial (no caso, a aeronave russa Soyuz).
De acordo com a pesquisadora responsável, Antonieta Salomão, o experimento ajudará a entender melhor os processos fisiológicos envolvidos na germinação de uma semente. "A partir do momento que temos um conhecimento maior, podemos transmitir informações mais seguras aos agricultores ou mesmo outros pesquisadores", avaliou.
Antes de embarcar para o espaço, porém, o projeto passará por um teste inicial no Instituto Nacional de Pesquisa Espacial. "O teste, que simula as condições de vôo, é eliminatório para os nove projetos que compõem a missão", disse Antonieta. As pesquisas abordam, principalmente, as áreas de engenharia, física, microeletrônica, nanotecnologia e biotecnologia.
Ao todo, o astronauta brasileiro passará oito dias na estação russa e levará uma carga de 15 quilos de material para experimentos. Mas somente cinco quilos poderão voltar à Terra. O restante deverá ser transformado em lixo espacial.
A viagem recebeu o nome de Missão Centenário, uma homenagem ao aniversário de cem anos do primeiro vôo de Santos Dumont com o 14 Bis. A missão só foi possível porque, em outubro do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um acordo com a Rússia que reduzia pela metade o valor cobrado pelos russos em viagens espaciais, cerca de US$ 20 milhões.