Assessoria tentou barrar fala de Serra sobre Metrô

Assessores diretos de José Serra (PSDB) tentaram ‘blindar’ o governador até a noite de ontem (12). O objetivo era evitar desgaste político e situações embaraçosas que pudessem constranger o tucano, principalmente perguntas sobre a responsabilidade do acidente e a posição do governo do Estado sobre o andamento das obras da Linha 4 do Metrô.

A informação inicial era de que Serra não falaria com a imprensa. O secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, e o presidente do Metrô, Luiz Carlos David, seriam os porta-vozes do governo estadual. Uma reavaliação da situação no início da noite provocou mudanças de planos e Serra foi a Pinheiros acompanhar o desenrolar das buscas. Chegou por volta das 20h30 e se disse ‘impressionado’ com o tamanho do buraco. O desmoronamento ocorreu às 15 horas.

‘Foi um desastre de grandes proporções. Até agora, graças a Deus não foram identificadas vítimas, e o Metrô está tomando providências’, disse. Segundo Serra, a entrega da linha do Metrô não deve ficar comprometida. ‘Acho que vai dar para recuperar o eventual atraso.

Serra não falou sobre possíveis causas do acidente. Disse que preferia esperar o resultado da perícia. ‘É um terreno complicado porque é muito perto do rio, pode inclusive, em algum momento da história, ter tido aterros’, disse. ‘Haverá soluções de engenharia para isso.

A primeira crise da administração Serra envolveu as maiores construtoras do País, como CBPO, Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão e Camargo Correa. O governador definiu a ida ao local depois do comparecimento do prefeito Gilberto Kassab (PFL), que passou horas ao lado da cratera aberta e deu várias entrevistas ao vivo às emissoras de rádio e TV.

Ao SP TV, da Rede Globo, às 19h15, o prefeito, que foi vice na chapa encabeçada por Serra em 2004, foi sutil ao comentar a participação de autoridades em situações de catástrofes: ‘Não tem nenhuma participação (da Prefeitura no Metrô), mas tem a obrigação de estar ao lado do paulistano, junto com a companhia do Metrô, prestando solidariedade e orientando as famílias e os motoristas que trafegam pela região. Para que a gente possa ter as conseqüências deste acidente na menor escala possível.

Cerca de duas horas antes da fala de Kassab à televisão, no Palácio dos Bandeirantes, assessores do governador haviam dito que somente Portella e David falariam em nome do Estado. ‘Ainda não é o momento dele (Serra) falar. Está sendo abastecido com informações pelo secretário’, afirmou um assessor.

Também não foi dada resposta sobre desgaste político que o acidente possa ter provocado à gestão Serra, nem mesmo se a parceria público-privada (PPP) para a Linha 4-Amarela, primeiro empreendimento do País a contar com um programa desse tipo, precisaria ser revisto ou remodelado. Serra disse à noite que não houve falha no planejamento. Responsável pela assinatura da parceria, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) também não se pronunciou.

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