Assessoria de Lula o desaconselha a comparecer ao Congresso

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer comparecer à sessão solene de abertura do ano legislativo, que começa oficialmente quarta-feira (15), mas é desaconselhado a fazê-lo por parte de sua assessoria. Setores do Palácio do Planalto temem que Lula seja mal recebido por parlamentares da oposição que, segundo assessores presidenciais, estariam planejando recebê-lo com um protesto contra o governo, em que não faltariam faixas e palavras de ordem.

O líder da minoria de oposição na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), disse hoje que desconhece a existência de um movimento articulado dos adversários do Planalto para organizar uma recepção de protesto contra o governo na reabertura dos trabalhos regulares do Congresso. Advertiu, no entanto, que, a seu ver, "Lula terá que ser recebido como um presidente corrupto "

Também em uma iniciativa inédita, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, já comunicou que prestigiará a sessão solene de amanhã. Além dele, todos os ministros e representantes do Conselho Nacional de Justiça também estão convidados e devem comparecer.

A idéia é dar uma demonstração de que não há conflito entre os Poderes e de que as instituições sobreviveram à crise política. Jobim também quer aproveitar a oportunidade para entregar oficialmente ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sua proposta de emenda à Constituição (PEC) com uma nova fórmula para resolver o problema dos precatórios, as dívidas julgadas e não pagas dos governos federal, estaduais e municipais.

Por tradição, quem costuma entregar a mensagem presidencial anualmente ao primeiro secretário da Mesa do Congresso é o chefe da Casa Civil, função hoje exercida pela ministra Dilma Roussef. Mas depois da crise política que abalou a imagem do governo e desgastou seu relacionamento com o Congresso, Lula manifestou o desejo de ele mesmo falar aos parlamentares na sessão solene de quarta-feira. O presidente gostaria de mostrar, com o gesto, que compreende que as CPIs fazem parte do jogo democrático e que a harmonia e o respeito entre os Poderes da República estão preservados.

Foi o que disse o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, ao presidente do Senado. "É muito bom que o presidente Lula compareça. Seria importante que ele nos honrasse com sua presença", incentivou Renan. O ministro lembrou, então, que seria uma forma de também prestigiar o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que tem cobrado muito a presença de Lula e é autor de uma PEC que obriga o presidente da República a entregar pessoalmente sua mensagem ao Congresso.

Calheiros está convencido de que o gesto presidencial teria boa repercussão e grande significado institucional e os aliados do governo também vêem a iniciativa com bons olhos. Avaliam que seria uma forma de o presidente deixar claro que sua relação com Congresso está preservada, a despeito das CPIs dos Correios e dos Bingos, que investigam corrupção no governo.

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