O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não afastará o jornalista Bernardo Kucinski da tripla função de crítico interno do governo, de jornais e de jornalistas e de conselheiro pessoal para assuntos relacionados com os meios de comunicação social. De acordo com um assessor do Palácio do Planalto, é o próprio presidente quem incentiva Kucinski a fazer críticas a ele (Lula) aos ministros e à forma como o governo se relaciona com a imprensa.

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Kucinski falou à Agência Repórter Social (www.reportersocial.com.br), onde criticou o fato de Lula não dar entrevistas. Kucinski, professor de Jornalismo da Universidade de São Paulo (licenciado), é assessor especial da Secretaria de Comunicação. Goza de imunidade porque, sem ela, jamais poderia fazer, diariamente, a "Carta Crítica", na qual analisa os meios de comunicação, o comportamento do governo e de Lula, disse o assessor do Planalto. Por isso, informou o auxiliar do presidente, a entrevista será considerada extensão da atividade de Kucinski no dia-a-dia.

Em 2005, numa "Carta Crítica", Kucinski atacou o relacionamento entre Lula e o ex-deputado José Dirceu (PT-SP). "As divergências entre o presidente e Dirceu estão pegando muito mal", escreveu ele. Antes, havia batido no ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O jornalista está de férias. "Não sei ainda a repercussão da entrevista", afirmou.

A ligação de Kucinski com Lula vem desde quando o hoje presidente era sindicalista, em São Bernardo do Campo, no Grande ABC (SP). Em 1998, o jornalista passou a fornecer a Lula uma análise sobre a relação do presidente com a mídia, embrião da "Carta Crítica".

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Kucinski traduziu assim a relação com Lula na entrevista à Agência Repórter Social: "Ninguém tem coragem para dizer a verdade, claramente, ao presidente e eu digo todos os dias." Sobre a relação de Lula com a imprensa, disse: "Sempre foi muito ruim. Ele sempre foi muito maltratado pela imprensa, tirando alguns períodos – como na greve de 1978. Os jornalistas não aceitam um líder político que não tenha diploma." Apesar disso, acrescentou que o presidente precisa falar com a imprensa. "O presidente tem por obrigação receber a imprensa. Não importa o que ela vai fazer depois. É uma obrigação institucional.