O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vê algum exagero nos números divulgados sobre o desmatamento nos nove estados que compõem a chamada Amazônia Legal. Não é de hoje, porém, que tanto as autoridades responsáveis pelas políticas públicas de preservação do meio ambiente, quanto representantes de instituições nacionais e internacionais que atuam no setor mostram-se alarmados diante das conseqüências da exploração irregular da madeira e a utilização de áreas desmatadas para o cultivo de soja e atividades pecuárias.
Os números não são exagerados e a certeza disso veio com o sobrevôo recente do território do município de Marcelândia (MT), feito pela ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, que se fez acompanhar do ministro Tarso Genro, da Justiça. O citado município, apesar de todos os desmentidos do governador Blairo Maggi, de Mato Grosso, é citado em todos os levantamentos como o campeão absoluto da ação criminosa dos destruidores da floresta amazônica, entre os meses de agosto a dezembro do ano passado.
Após a constatação a olho nu realizada pelos ministros, também perde a aura de validade a declaração apressada do ministro Reinhold Stephanes, da Agricultura e Abastecimento, de que não pode ter havido expansão do desmatamento para liberar áreas ao plantio de soja, tendo em vista que a área total plantada não sofreu qualquer acréscimo na safra atual.
Lá de cima, porém, a realidade observada por Marina e Gen-ro é bastante diferente e serviu para confirmar de uma vez por todas a perspectiva bem mais execrável de que a extensão do desmatamento da Amazônia já é equivalente ao território da Bélgica.
Para a ministra do Meio Ambiente não se trata apenas de uma coincidência, tendo em vista que o avanço criminoso sobre a floresta foi incrementado a partir do momento em que as cotações da soja no mercado internacional começaram a se valorizar. Mesmo assim, Marina teve o cuidado de não atribuir a culpa pelo desmatamento irregular aos plantadores de soja ou pecuaristas.
A gravidade do problema, contudo, levou o ministro Tarso Genro a anunciar a criação de uma força-tarefa reunindo integrantes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Ibama, Incra e Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) na Operação Arco de Fogo, cuja finalidade é agir com rigor máximo e urgente para eliminar a ação predatória na região. O comando da operação foi confiado ao delegado Álvaro Palharini, chefe do Departamento de Crimes Ambientais da Polícia Federal.
![Grupos de WhatsApp da Tribuna](/resources/images/blocks/whatsapp-groups/logo-whatsapp.png)