Uma obra reivindicada há muitos anos na região está se tornando realidade no Vale da Ribeira: a pavimentação da rodovia que liga a região de Curitiba ao município de Cerro Azul. O primeiro trecho, de 27 quilômetros da PR-092, entre Cerro Azul até a ponte do Rio Piedade, já foi concluído pela Secretaria Estadual dos Transportes, por meio do DER, e será inaugurado sábado (10) pelo governador Roberto Requião. O investimento é de R$ 14,5 milhões.
A pavimentação já mudou a vida dos moradores do Vale da Ribeira, uma das regiões mais pobres do Paraná, e dos comerciantes que mantêm ou estão abrindo estabelecimentos às margens da rodovia. O otimismo cresce porque o restante da pavimentação, de 28 quilômetros, entre o Rio Piedade e Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, está em pleno andamento com investimentos de mais R$ 15,5 milhões do tesouro do Estado.
A obra é mais um compromisso que está sendo cumprido pelo governo estadual para diminuir os índices de pobreza da região. O objetivo é garantir inclusão econômica e social de uma população que, segundo levantamento do Ipardes, apresenta os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). A região, que ficava isolada em dias de chuva, é grande produtora de frutas cítricas, madeira e minérios e ainda tem grande vocação turística.
Repercussão
Natural de Cerro Azul, Azenir Stival dos Santos mora há 30 anos numa propriedade rural na altura do quilômetro 68 da rodovia. Há oito meses ela e o marido, João dos Santos, mantêm uma lanchonete em frente à propriedade onde plantavam mandioca e hortaliças. ?Antes a gente só pensava em se mudar e eu resistia à idéia porque gosto daqui. Hoje, nossa preocupação é aproveitar o aumento no movimento de carros?, afirma João.
Entusiasmado com número de veículos que param no seu estabelecimento para fazer um lanche ?ou simplesmente para comprar uma água mineral?, ele está construído em parceria com a Emater um tanque para criação de peixes que servirão para decoração e para o consumo. ?Não pensava em fazer este investimento sem o asfalto?, afirma ao detalhar novos planos para a expansão do seu negócio, que inclui a construção de banheiros e de um refeitório para os caminhoneiros que escoam a produção da região.
?A dificuldade para levar hortaliças até o Ceasa foi substituída pela nova fonte de renda?, completa Azenir informando que o trecho antes percorrido em 2 horas até Rio Branco do Sul é completado agora em 40 minutos. O aumento no tráfego de caminhões é confirmado por Jefferson Souza da Silva, que trabalha em uma borracharia próxima do Rio da Piedade. ?Mesmo com corrente nos pneus, os caminhões não venciam esta subida quando chovia?, afirma apontando para a serra.
De acordo com Natair Souza, que mora a menos de 15 quilômetros de Cerro Azul, a dificuldade de acesso ao município causada pelas chuvas comprometia inclusive o ano letivo das crianças. ?Ver uma criança quase repetir de ano simplesmente porque não conseguia chegar até a escola era uma situação de cortar o coração?, lembra.
Relato mais dramático tem o taxista Eloir Almeida, que atendia pessoas que necessitavam chegar com urgência a um médico em Rio Branco do Sul ou Curitiba. ?A gente chegava na serra e tinha que voltar e tentar um desvio por Tunas e Bocaiúva do Sul levando um passageiro doente?, diz.
?É a realização de um sonho. Onde antes não passava caminhão, agora pode passar até carreta?, comemora o agricultor Roger Monteiro. Ele prevê um aumento na renda dos agricultores que vendem diretamente sua produção aos motoristas simplesmente expondo caixas de poncã na rodovia.
