As reações inexplicáveis

Por conta da alta do preço dos fertilizantes nos últimos meses, um grupo de camponeses decidiu ocupar a fábrica da Fosfertil, em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. Como simplesmente ?ocupar? não seria justificável, o grupo ligado a correntes da Via Campesina, do Comitê em Defesa dos Pequenos Agricultores, da Central Única dos Trabalhadores no Paraná (CUT-PR) e de entidades da agricultura familiar também reivindicam a reestatização da companhia, que foi privatizada em 1993.

O protesto teve duas etapas. Primeiro, fechou a fábrica e impediu os funcionários de trabalhar. Depois, fechou a BR-476, bloqueando a estrada e impedindo quem não tem nada a ver com a história de seguir sua vida normalmente.

As incongruências das atitudes de alguns movimentos sociais impressionam. Em um momento de retomada econômica, com forte investimento externo, eles resolvem ir de encontro a tudo que o contexto econômico prevê e buscam uma solução ?bolivariana?, como se uma reestatização fosse a solução para todos os males da sociedade capitalista.

O caminho não é mais este. Se governantes como Hugo Chávez e Evo Morales têm como base tal preceito, no Brasil se sabe com clareza que a iniciativa privada é muito mais capacitada para determinados nichos da economia e, certamente, entre eles está a fabricação de fertilizantes. Claro que há situações em que o governo precisa ter o controle. Empresas como a Petrobras e a Eletrobrás são exemplos da importância do poder público em setores básicos da economia.

O País precisa de movimentos sociais organizados que sirvam de referenciais para a classe política e certamente eles não podem ser somente de situação, ou somente de oposição. Mas todos eles precisam respeitar os princípios constitucionais. Ocupar fábricas não vai fazer a proposta dos camponeses ganhar mais adeptos. Vai, sim, catalisar a antipatia dos cidadãos comuns, que pretendem apenas trabalhar e ver suas vidas e o Brasil melhorando a cada dia.

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