As razões do fracasso da Itália na Copa do Mundo

Gianluigi Guercia/AFP

A Itália, atual campeã mundial, mas derrotada nesta quinta-feira pela Eslováquia (3-2), nem sequer chegou a superar a primeira fase da Copa do Mundo – um enorme fracasso para um time que queria levantar a taça novamente e se igualar ao Brasil em número de títulos mundiais.

A confiança em alguns dos experientes jogadores ou a falta de capacidade para armar jogo são algumas das razões da derrota italiana, mas também há outras circunstâncias que explicam a eliminação.

A confiança cega em alguns veteranos da equipe dirigida por Marcello Lippi é um ponto chave para compreender o fracasso, já que o técnico pensou que a utilização de alguns dos que se tornaram campeões há quatro anos na Alemanha traria resultados.

Para Lippi, Fabio Cannavaro, Gianluca Zambrotta, Gennaro Gattuso, Daniele De Rossi e Vincenzo Iaquinta constituíam a melhor garantia para conquistar novamente o título, mesmo que todos eles tenham protagonizado uma temporada medíocre, com longa permanência no banco de reservas e na enfermaria.

Mas a decisão não parece acertada, pelo menos no caso do capitão Fabio Cannavaro, de 36 anos, autor de vários erros, incluindo o que possibilitou o gol da Nova Zelândia (1-1) na partida do dia 20 de junho, e que parece não ter reencontrado o futebol apresentado há quatro anos.

A defesa deveria ser a base da equipe italiana, mas não foi. Ainda que não estivesse em um nível ruim, vazou em cinco ocasiões, enquanto na Copa da Alemanha recebeu dois gols em sete partidas.

Se os veteranos de 30 anos decepcionaram, os jovens não estiveram à altura, com exceção do habilidoso meio-campo Riccardo Montolivo e do atacante Simone Pepe, mas nenhum dos representantes da nova geração do futebol conseguiu se destacar como o esperado.

Prova disso é que o polivalente meio-campo Claudio Marchisio, titular nas duas primeiras partidas da Copa, não tenha proposto grande coisa.

O time de Lippi não criou chances de ataque. O técnico não deixou de repetir que a unidade do grupo é mais importante que qualquer outra coisa, uma crença que o levou a não escalar homens como Antonio Cassano ou Mario Balotelli.

Estes dois atacantes, ainda que com personalidades muito especiais, poderiam colocar algum brilho no limitado ataque da Itália na África do Sul, encabeçado por Alberto Gilardino, ineficaz ainda que Lippi desejasse que fosse o novo Paolo Rossi.

Entretanto, é preciso admitir que os “Azzurri” tiveram a grande ausência de Andrea Pirlo, o estrategista e organizador do time, lesionado pouco antes da Copa e que pôde jogar apenas 35 minutos da partida contra a Eslováquia.

Houve alguns sinais que faziam pensar na derrota, mas não foi dada a devida importância a eles. Tudo o que acontece antes da Copa “não conta”, repetia Lippi. Mas na competição mundial, por mais motivante e prestigiada que seja, tudo não pode se solucionar em um passe de mágica.

E as três partidas da primeira rodada foram a imagem viva das partidas preparatórias para a competição, nas quais a Itália não conseguiu vencer. A seleção italiana venceu seu último jogo em novembro de 2009 (1-0 contra a Suécia).

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