Djalma Filho
?Onde estava Deus naquele dia? Por que ficou em silêncio? Como pôde permitir esse massacre sem fim, esse triunfo do mal?? Essas foram as perguntas que Bento XVI fez durante sua recente visita ao malfadado campo de concentração de Auschwitz.
Não vou escrever sobre esse horrível genocídio que foi o holocausto, até mesmo porque não foi o único (inúmeros outros, também terríveis, já foram esquecidos simplesmente porque seus miseráveis sobreviventes e descendentes foram igualmente descartados). Quero escrever, na verdade, sobre o fato, provavelmente sem precedente na história, de um sumo pontífice tornar públicas suas dúvidas, mais que isso, suas blasfêmias. É claro que, em termos filosóficos, as perguntas são até básicas, mas, vindas de quem veio, é um fato que deveria causar rebuliço entre os católicos do mundo todo. Entretanto, a repercussão foi mínima. Na verdade, não poderia ser diferente porque fiéis não gostam de perguntas e sim de convenientes respostas…
Proponho uma edição extraordinária da fumaça branca lá no Vaticano, só para anunciar a boa nova: ?Habemus vere papam!? Ou seja, temos papa de verdade! Pois um papa que tem a coragem e a sinceridade de fazer publicamente as perguntas que a maioria tem medo até de pensar merece uma saudação especial.
Djalma Filho é advogado
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