Um país se apresenta (com a ajuda de uma imprensa censurada) como pujante, de crescimento econômico assombroso e de melhora considerável na qualidade de vida de sua população. É a China do terceiro milênio, a China que se apresenta como alternativa de gestão pública aos Estados Unidos, a China que receberá o mundo nos Jogos Olímpicos.
E é a China que chora a tragédia do terremoto na Província de Sichuan. Um país que, forrado de dinheiro e em franco desenvolvimento de infra-estrutura, foi pego em cheio pela fúria da natureza.
Quando se lê uma notícia sobre um terremoto, sente-se a tristeza do fato irremovível. Não é possível, até segunda ordem, resistir aos estragos de um abalo – ainda mais da intensidade do ocorrido na China (7,8 pontos na escala Richter). Mas sabe-se que seus efeitos podem ser reduzidos com investimento em tecnologia e em estrutura de apoio para possíveis ?alvos fáceis?.
O Japão, que tanto já sofreu com terremotos, tem hoje tecnologia de ponta no monitoramento das placas tectônicas. Além disso, construiu milhares de abrigos resistentes aos abalos, para que aqueles que moram ou trabalham nos arranha-céus das grandes cidades tenham chance de sobrevivência. Claro, são também medidas (principalmente os abrigos) pensadas também para a eventualidade de ataques nucleares. Mas estão lá, prontas para serem usadas em caso de emergência.
Não se vê, na China, movimentação do poder público para se ?armar? caso aconteçam fenômenos da natureza. A região oeste do país, justamente onde aconteceu o terremoto, é coalhada de povoados e cidades que ainda não conseguiram ver o desenvolvimento assustador que tomou conta das metrópoles como Pequim e Xangai. O crescimento de 10% ao ano não é distribuído para todo o país o que era de se esperar em um regime comunista.
Aí, acontecem situações completamente inesperadas e a China não está preparada. Deveria estar, pois no futuro próximo há eventos marcados com grande antecedência (por exemplo, a Olimpíada) que sofrem ameaças que não são naturais (por exemplo, de ataques terroristas).
E a China dos 10% ao ano não pode se descuidar.