Considerando a mediocridade do governo Bush e dos comandantes das tropas de coalizão, concluímos que a única alternativa encontrada para atacarem o Afeganistão e o Iraque foi o emprego das "bombas inteligentes". No entanto, pelos erros cometidos ao atingirem centros urbanos densamente habitados (matando e mutilando milhares de civis) e alvos militares apenas imaginários, essas bombas apresentaram um quociente de inteligência tão baixo ao ponto de se nivelarem ao QI de seus superiores.
A política externa dos Estados Unidos é falha e prejudicial às demais nações. Seus interesses são colocados sempre à frente do interesse comum. Se alguma objeção é criada, fazem ameaças e muitas vezes põem em prática a política do "Big Stick", ou seja, do "Grande Porrete" (resolver pela força quaisquer situações adversas), tornada pública pelo presidente Theodore Roosevelt, em 1901 e aplicada desde a independência de seu país.
A história da humanidade está repleta de exemplos, segundo os quais, grandes impérios, após atingirem o ápice, chegaram a decadência total. Seria constrangedor, para nós, ensinar ao "genial" imperador americano e aos seus vassalos, fatos que deveriam saber muito antes de galgarem essas posições.
Em 1836, quando tentava desarticular um movimento rebelde no Texas, as tropas comandadas pelo general mexicano Santa Anna foram atacadas pelos Estados Unidos que, posteriormente, anexaram essa região ao seu território. Este acontecimento, litígios de fronteiras e a negativa do México em aceitar uma tendenciosa proposta do presidente americano James Polk (1846), em comprar a Califórnia, gerou a guerra entre os dois países que durou dois anos. Vencido, o México perdeu mais da metade de suas terras numa extensão que vai do Texas ao Pacífico abrangendo o Colorado, Arizona, Nevada, Utah, Novo México, Alta Califórnia e outras regiões.
Por volta de 1848 houve a desvairada corrida para o oeste americanoàa procura de ouro e conquista de novas terras. Áreas imensas foram invadidas, havendo sangrentos confrontos com os nativos que tentavam defender suas propriedades. A diferença em equipamentos era muito grande. Arcos, flechas e algumas armas recolhidas de soldados mortos contra um dos maiores exércitos da época. munidos com as últimas descobertas de tecnologia bélica. De um lado as tropas invasoras formadas, em sua maioria, por verdadeiros facínoras conhecidos como "barbudos" ou "casacos-azuis". No lado oposto as tribos indígenas constituídas por um povo altivo, nobre, com cultura própria e que lutavam contra a avareza e a opressão dos invasores.
Nessa guerra, onde a diferença de forças era evidente, as nações sioux, comanche, apache, cherokee, navajo, cheyenne e outras, foram dizimadas. Os moradores das aldeias invadidas eram mortos e os poucos sobreviventes confinados em pequenas e inóspitas reservas. Acostumados a serem livres, que nem pássaros, não se conformavam a um espaço limitado. Por vezes, quando saíam, eram atacados pelo exército. No entanto, a inferioridade em armas foi muitas vezes compensada pela intimidade que tinham com a região e pela vontade indômita de enfrentar os seus algozes. Esses fatores, aliados às suas habilidades guerreiras, lhes proporcionaram grandes vitórias. Uma delas foi contra o coronel John Chivington, em 1864. Este militar provocou a ira dos nativos ao assassinar o chefe cheyenne Black Kettle e alguns de seus homens ao manifestarem seus desejos de serem livres. As nações sioux, cheyenne, arapahoe se uniram e, numa emboscada, dizimaram o seu regimento. Em 1876, ao tentar impedir um deslocamento de sioux, as tropas comandadas pelo general George Custer caíram numa armadilha e sofreram uma das mais humilhantes derrotas. Nesse confronto, conhecido como a batalha de Little Big Horn, não sobrou nenhum "barbudo".
Em 1890, em outra demonstração de barbárie, o exército assassinou aproximadamente 400 indígenas sioux, incluindo mulheres e crianças. Esse acontecimento entrou para a história como o massacre de Wounded Knee.
No final do século XIX os Estados Unidos ocuparam o Panamá, que fazia parte da Colômbia e incentivaram a sua independência a fim de conseguirem a posse da zona do canal. Cuba, República Dominicana, Nicarágua, Haiti e outros pontos da região também foram ocupados. Ao se retirarem, em 1902, mantiveram o domínio da base militar de Guantánamo. Gerardo Machado assume o governo cubano mas, com o apoio dos Estados Unidos, é destituído por Fulgencio Batista. Fidel Castro instala-se em Serra Maestra e, contando com a habilidade do idealista "Che" Guevara, em 1959, depõe o ditador Batista. Desapropria várias empresas norte-americanas e grandes latifúndios. Vendo seus interesses comerciais prejudicados, os Estados Unidos treinam grupos de contra-revolucionários que desembarcam na Baía dos Porcos, apoiados pela Força Aérea, mas são derrotados.
Ao término da segunda guerra mundial os norte-americanos lançaram bombas atômicas, de 20 quilotons, sobre as cidades japonesas de Hiroshima (urânio 235/92) e Nagasaki (plutônio 239/94), pulverizando mais de 200 mil pessoas. Na década de 60 efetuaram bombardeios maciços sobre as populações do Vietnã, Laos e Camboja matando pelo menos três milhões de civis. Armas bacteriológicas e químicas (Napalm e Agente Laranja) foram usadas. Houve até a possibilidade do emprego da bomba atômica. Apesar da grande superioridade bélica, os norte-americanos não conseguiram deter os norte-vietnamitas e, em 1973, após firmarem um cessar-fogo, retiraram o remanescente de suas tropas.
Em 1964 os Estados Unidos articularam o complô que resultou na deposição do presidente João Goulart. No Chile coordenaram o levante militar contra o presidente Salvador Allende e que levou ao poder o ditador Pinochet. No Sudão destruíram a única fábrica de remédios, alegando que produziam armas químicas. Após 11 de setembro afirmaram que a Tríplice Fronteira (Foz do Iguaçu e a região entre Brasil, Argentina e Paraguai) era um reduto de terroristas. No ano 2000 tentaram se instalar na base espacial de Alcântara. Deixaram de cumprir vários acordos internacionais, inclusive o Protocolo de Kyoto.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, em recente entrevista à Rádio BBC, condenou violentamente a invasão do Iraque, liderada pelos norte-americanos.
Se fôssemos enumerar todos os agravos causados pelos EUA centenas de volumes seriam preenchidos.
Os métodos empregados pelas forças da coalizão, nos países invadidos (Afeganistão e Iraque), são os mesmos utilizados pelo general Custer contra as nações indígenas. Massacram todos que ainda tentam resistir à invasão. Porém, como em todas as partes do mundo há pessoas passíveis de serem corrompidas, o Iraque não poderia ser uma exceção. Uns poucos iraquianos se deixaram iludir por vantagens a serem auferidas num governo interino, com limitação de poderes e tutelado pelos Estados Unidos. Custer parece ter dado o exemplo ao coagir, ou corromper com bugigangas, alguns peles-vermelhas desgarrados, para prestarem serviços às suas tropas.
No momento em que George W. Bush e Vladimir Putin ocupam posições que não se harmonizam com suas mentes, é necessário que líderes de outras grandes potências assumam, unidos, a responsabilidade perante o mundo com o objetivo de salvaguardar a integridade das nações menos privilegiadas. Procurem alternativas para conter as garras do nefasto imperialismo norte-americano e dos países que se alinham a essa postura. Façam que esses dois governantes entendam que os condenáveis atentados ocorridos em várias partes do mundo, inclusive o de Beslan (onde inocentes crianças passaram por momentos de terror), são o retorno de suas políticas externas discriminatórias, arrogantes, insensíveis e também terroristas (Terceira Lei de Newton). Para resolver problemas, por mais intrincados que sejam, sempre esteve ao alcance do homem o diálogo, a prudência, a sensibilidade, o amor ao próximo e a própria inteligência.
A Chechênia sempre foi brutalizada pela Rússia pelo fato de seus líderes, desde épocas remotas, almejarem a independência. Em represália a essas aspirações, suas cidades sofreram intensos bombardeios principalmente Grozni que, durante o atual governo Putin, ficou reduzida a escombros vitimando milhares de civis.
Em Beslan ficou evidente a incompetência dos negociadores russos diante da firmeza dos seqüestradores chechenos em suas propostas. Se tivesse havido um diálogo racional, mais aberto e algumas concessões por parte das autoridades dirigidas pelo governo Putin, o final trágico, com mortes, poderia ter sido evitado.
Respaldados por um poderio bélico inquestionável (armas convencionais de última geração, químicas, bacteriológicas e nucleares), alguns países se consideram gestores do nosso planeta em especial os Estados Unidos que tentam, a todo custo, subjugar os mais fracos. É a dominação dos poderosos através da política do "Grande Porrete". Contudo aguardamos, esperançosos, que devotados líderes de nações pacíficas procurem reverter esse quadro induzindo-os a transformarem suas malditas máquinas de guerra em bens básicos e necessários para, pelo menos, minorar o sofrimento das populações carentes de todos os recantos do nosso planeta. Assim procedendo, esses líderes pacifistas estarão seguindo, com muita honradez, um caminho estruturado nos mais elevados princípios de religiosidade, de amor e respeito ao próximo. A paz, então, poderá se eternizar e o manto da felicidade envolver toda a humanidade.
Gabriel Gonçalo Gaissler – professor de Matemática e Química
