Os cidadãos brasileiros estão cansados de esperar por respostas que nunca aparecem. Estão cansados de conviver com crises, acusações e denúncias que nunca são apuradas em sua totalidade. Mas a maioria dos políticos, que deveriam representar-nos nos poderes Executivo e Legislativo, simplesmente esquecem disso. Preferem esconder os escândalos na penumbra, envoltos em mistério e com resolução interna, sem prestar contas à sociedade.

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Novo episódio desta novela indigesta aconteceu ontem, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Cartões Corporativos, quando o assessor parlamentar André Fernandes pediu que a sessão que tomaria seu depoimento fosse fechada para o público (e para a imprensa, por conseqüência). Disse ele que só desta maneira ele poderia contar tudo que diz saber sobre o vazamento de informações confidenciais sobre gastos do governo Fernando Henrique Cardoso, o que a oposição chama de ?dossiê? preparado pela equipe da ministra Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil; o que o governo chama de ?banco de dados?. Os parlamentares, governistas na maioria, se recusaram a fazer a sessão fechada.

Não se discute agora se a sessão secreta beneficiaria governistas ou oposicionistas. O que fica deste pedido é a necessidade de se guardar o assunto mesmo que depois seja ?vazado? para a imprensa, o que geralmente acontece. Por que não abrir o jogo, contar o que pode e deve ser contado? Quem acompanha o caso quer saber logo se o governo federal estava mesmo preparando uma armadilha para a oposição ou se é o contrário.

Enquanto isso, o Congresso Nacional pára, aguardando uma decisão. São tantas as comissões de inquérito, são tantas denúncias, são tantas medidas provisórias. E os temas que poderiam ser discutidos (reforma político-partidária, reforma tributária) ficam pelo caminho. Logo chegará a metade do ano, começa o período eleitoral, e lá se vai mais um ano sem mudanças profundas.

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Por mais que os homens se esforcem para o contrário, a política tem que avançar com a sociedade. Hoje, ninguém aceita morosidade em investigações, exige-se brevidade e correção na busca das respostas. Além disso, espera-se punição exemplar para quem é, de fato, culpado. É o que todos aguardam nesta crise dos cartões corporativos.