Sob os gritos de "tem que falar! tem que falar!", os tucanos Geraldo Alckmin, José Serra e Fernando Henrique Cardoso ouviram nesta quarta-feira (30) à noite de artistas e intelectuais, reunidos em São Paulo, a cobrança para que a campanha presidenciável do PSDB passe imediatamente a botar o dedo na ferida do PT e expor os casos de corrupção e desvios éticos do governo Lula
"É inacreditável que votem ainda nesse partido. O PSDB demorou para reagir", disse o ator Fulvio Stefanini. "Acho que houve cerimônia em relação à postura do candidato de não bater. Infelizmente o jogo é esse." Ele afirmou que respeita os artistas que deram apoio a Lula em reunião no Rio, mas acredita que "estão sendo ingênuos"
"Os candidatos do PSDB precisam frisar a roubalheira que existiu e mostrar que há uma diferença ética entre nós", reforçou o maestro da Orquestra Sinfônica do Estado, John Neschling. Os cerca de 100 artistas e intelectuais presentes, incluindo Juca de Oliveira, Irene Ravache, Cacá Rosset, Toni Ventura, Patrícia Melo e Leôncio Martins Rodrigues, não ficaram sem resposta. De novo, o discurso mais duro foi do ex-presidente Fernando Henrique. "Não podemos deixar o País ser envenenado homeopaticamente pelas mentiras, as calúnias e a falta de vergonha", discursou, sob aplausos
"Eles (o PT) perderam o respeito. Podem não ter perdido ainda a popularidade, que é coisa diferente, mas o respeito sim", disse FHC. "Caixa 2 é reprovável, mas é outra coisa. É dinheiro particular e não-declarado. Está errado. O mensalão é dinheiro público, saiu de bancos públicos e foi utilizado para corromper não uma pessoa, mas uma instituição, o que é mais grave", argumentou
"Não cabe aos candidatos do PSDB assumirem posição mais forte de contestação", disse. "Mas cabe a nós, que somos cidadãos, dizer o que pensamos. E pensamos e que temos que mudar quem está no governo, porque eles estão arruinando o que há de mais precioso numa nação, que é o respeito. Não podemos deixar que essas questões desapareçam do sentimento nacional. Porque elas farão mal ao País amanhã.
Alckmin foi mais ameno ao discursar, mas reforçou o coro. "Não estou atacando ninguém. Estou fazendo o que todo brasileiro faz, que é combater a corrupção.
