Artista plástico Franz Weissman morre no Rio, aos 93 anos

Rio (AE) – O artista plástico Franz Weissman morreu hoje (18), aos 93 anos, de insuficiência respeiratória, em sua casa, em Ipanema, na zona sul. Ele sofrera um enfarte há três meses e, na semana passada, teve uma pneumonia. Segundo seu genro e executor de seus projetos, Fernando Ortega, até há poucos meses atrás Weissman trabalhava suas maquetes e planejava comemorar seu centenário. Sua última exposição foi no início do ano, com Tomie Othake e Oscar Niemeyer, no Museu de Arte Contemporânea, de Niterói. Seu corpo será cremado no Memorial do Carmo, às 14h30m, numa cerimônia familiar. Ele deixa um casal de filhos, Waltraud e Manfrid, e não teve netos.

Weissman não gostava que o chamassem de escultor, mas não dava outra definição a suas obras. "Não trabalho com formas maciças. Minhas peças não têm volume, são linhas que ocupam o espaço ", disse ao jornal O Estado de S. Paulo em 2001, quando inaugurou sua última grande exposição na Casa França Brasil, com 14 peças inéditas e outras de períodos diversos. "Minhas peças nascem de uma necessidade interior. Sigo minha intuição, verifico e corrijo as imperfeições. Primeiro nasce a obra, a teoria vem depois."

O artista chegou ao Brasil em 1924, aos 11 anos, vindo da Áustria. Seu pai, ferroviário e socialista, fundaria com o outro filho a fábrica de carrocerias Ciferal, no bairro de Ramos

no Rio. "Eles brigavam comigo porque, em vez de trabalhar, ia à praia onde pintava o dia inteiro", contava o artista. O sucesso veio nos anos 40, quando mudou-se, recém-casado, para Belo Horizontte, e conheceu Alberto Guignard. Na década seguinte, no Rio, se juntaria a Lygia Pappe, Lygia Clark e Hélio Oiticica, pioneiros, como ele, do neo-concretismo, que fundou a arte contemporânea no Brasil. A Ciferal executava suas obras, monumentos que agradavam ao público pela beleza e enhenhosidade.

Generoso, ensinou seu ofício a muita gente e deixou inúmeras maquetes (geralmente em arame e papelão) a serem executadas, pois não trabalhava por encomenda. Ia criando e à espera da oportunidade para realizar a peça. "As maquetes estão aí, á espera de que as esculturas voltem às praças das cidades brasileiras", garante Ortega.

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