O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), cobrou hoje que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, mande investigar a autenticidade da lista que teria sido elaborada pelo ex-diretor da empresa Furnas Centrais Elétricas Dimas Toledo com os nomes de 156 políticos, que teriam recebido recursos de caixa dois na campanha de 2002. Na relação, a maioria dos citados é do PSDB e do PFL.
"Ou a lista é verdadeira e os originais têm de aparecer e aí, de fato, é uma coisa gravíssima, uma hecatombe; ou a lista é falsa e os culpados têm de parecer. Se há fraudador dentro do governo, este governo vai ter de explicar-se de maneira muito mais candente do que até hoje o fez perante a Nação", afirmou, no discurso feito hoje na tribuna da Casa. "Esses que estão na lista não devem deixar o ministro Márcio Thomaz Bastos dormir. É preciso prender o tal chantagista, e é preciso, para quem diz que não é chantagem, mostrar o documento original", completou.
O rol que teria sido elaborado por Toledo ganhou força esta semana com o depoimento do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) na Polícia Federal (PF). Jefferson admitiu que recebeu R$ 75 mil do ex-diretor de Furnas. Toledo foi afastado da direção de Furnas em junho, depois da denúncia de Jefferson de que sobravam R$ 3 milhões por mês na estatal. Segundo relato do petebista, esse dinheiro ia parte para o PT nacional (R$ 1 milhão) pelas mãos do então secretário nacional de Finanças e Planejamento do partido, Delúbio Soares, e outro R$ 1 milhão para o PT de Minas Gerais, por meio do ex-diretor de Gestão Corporativa de Furnas Rodrigo Botelho Campos.
De acordo com a denúncia de Jefferson, R$ 500 mil ficariam com a diretoria da estatal e outros R$ 500 mil seriam repartidos entre um pequeno grupo de deputados. O esquema de desvio de dinheiro de Furnas teria sido relatado ao ex-deputado por Toledo, que seria apadrinhado político do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB).
Na próxima semana, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Correios deverá votar um requerimento convocando para depor Toledo. Parlamentares da base aliada ao governo e de oposição trabalham, no entanto, para que o ex-diretor de Furnas não venha à comissão. Alegam que não há provas de que a listagem seja verdadeira. Argumentam ainda que a comissão não tem tempo para abrir uma nova frente de investigação. Integrantes da CPI também estudam votar na próxima semana requerimento para um novo depoimento do publicitário Duda Mendonça.