Arrogância vencida

Amanhã, finalmente, teremos o desfecho da novela Severino Cavalcanti, com a anunciada renúncia ao mandato de deputado federal e, em conseqüência, da presidência da Casa. Severino cobrou pesado tributo ao aferrar-se à idéia de que renúncia não fazia parte de seu ideário, até a revelação da cópia do cheque de R$ 7,5 mil que o empresário Sebastião Buani entregou a uma das funcionárias de seu gabinete.

Desse momento em diante desabou a empáfia do deputado pernambucano, cujo revés inicial foi ter sido persuadido a não presidir a sessão que culminou com a cassação do mandato do deputado Roberto Jefferson, na semana passada.

Severino resistira até o limite da inconseqüência, ainda em Nova York, ao participar de evento da ONU, ao expor o comportamento típico do político terceiro-mundista, e latino-americano em particular, negaceando o quanto pôde as acusações que explodiam no Brasil.

Além da vergonha que o deputado fez recair sobre o Congresso no encontro dos dirigentes dos parlamentos das nações mais desenvolvidas da Terra, esbanjou a arrogância digna dos marajás orientais, a quem a única verdade exeqüível é a que eles próprios pronunciam.

Para o deputado, nada do que Buani afirmara deveria ser levado em consideração, tendo em vista que o empresário tentara, sem sucesso, suborná-lo em troca da renovação do contrato de exploração de restaurantes nas dependências da Câmara. O empresário era, além de tudo, mentiroso contumaz.

Na volta a Brasília houve a lamentável encenação da entrevista coletiva, em que mais uma vez Severino sentou praça da inocência e retidão exemplares de sua conduta como representante do povo de Pernambuco.

Nesse ínterim, Buani tornou públicas as provas de quão falaciosa fora a conduta de Severino, ao exibir cópias da movimentação financeira e do cheque de R$ 7,5 mil por ele assinado e descontado no caixa do Bradesco, pela recepcionista do então primeiro secretário da Câmara.

Severino deve apresentar amanhã seu pedido de renúncia e tamponar mais uma ferida no tecido das instituições nacionais. É mais um boçal retirado de cena pela força destruidora da ganância e da impunidade. O Brasil viverá mais um dia memorável na grande faxina que empreende.

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