Uma cidade com vocação para vestir recém-nascidos. Ou melhor, para produzir e ditar tendências da moda para bebês. Muito provavelmente milhares de mães brasileiras vestem seus filhos com peças de enxovais produzidos em Terra Roxa (PR) e nem imaginam onde fica esse município.
O segmento é responsável por 30% da economia da cidade, no Oeste do Estado, próxima a Guaíra. O setor gera 2,5 mil empregos diretos e mais de 3 mil indiretos, o que torna Terra Roxa – segundo o Sebrae – uma espécie de ilha, com um dos menores índices de desemprego do Paraná e, provavelmente, do país.
Há dois anos, o Sebrae se aliou ao governo do Paraná, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Senai e Sesi no Paraná, Universidade do Oeste Paranaense (Unioeste), prefeitura e 25 empresários. O resultado foi a implantação do primeiro e único Arranjo Produtivo Local (APL) de Moda Bebê do País no município.
Atualmente, existem 43 empresas na cidade produzindo 300 mil peças por mês e gerando faturamento de cerca de R$ 3 milhões mensais.
Nesta sexta-feira (21), o segundo aniversário do APL de Moda Bebê Terra Roxa será comemorado, a partir das 20h30, no Maracaju Clube de Campo, e a expectativa é atrair 500 convidados.
Aproveitando a presença dos empresários nas comemorações, será realizado o I Encontro Regional de APL e a reunião da Rede Paranaense de APL, sediada em Curitiba, que pela primeira vez realizará o evento no interior do Paraná. Na pauta do encontro, estão temas comuns aos 12 Arranjos Produtivos Locais paranaenses.
História
Terra Roxa possui 18 mil habitantes e prosperou na economia do café até a grande geada de 1975. A história da moda bebê no município teve início há menos de 20 anos. Uma mãe talentosa, que vendia de casa em casa panos de pratos bordados, confeccionou os enxovais de seus dois primeiros filhos. As roupinhas acabadas em delicados bordados agradaram a outras futuras mamães e as encomendas começaram a surgir.
?Vestir bebês é como vestir anjos?, resume Celma de Assis Rossato, a pioneira na produção de roupas para bebês em Terra Roxa. Os primeiros bordados eram feitos na pedaleira ou máquina de costura de pedal. O empreendimento de Celma espalhou-se pela cidade, motivado pela própria empresária. O volume de encomendas e vendas acabou criando a Paraíso Bordados e Confecção, dirigida por ela e o marido, Eugênio Rossato, que é o entusiasmado coordenador do APL.
Várias ex-colaboradoras e funcionárias constituíram suas confecções. ?Diziam, na época, que estavam me imitando e eu sinceramente não via assim. Passei a ser uma referência para as outras confecções e achava isso muito bom?, relata a empresária. Para ela, quanto mais pessoas produzissem, mais chances os negócios teriam de prosperar e alcançar as lojas da região.
Hoje, a Paraíso Bordados e Confecção conta com 200 funcionários e 14 anos de atividades. Celma e Eugênio Rossato são as principais referências da moda bebê de Terra Roxa. Noventa e oito por cento das empresas são formalizadas e 95% delas são micro e pequenas.