O arraial petista no Paraná encheu-se de brios por conta do depoimento circunstanciado de Soraya Garcia, ex-assessora financeira da campanha de reeleição do prefeito Nedson Micheleti, em Londrina.
Com desembaraço e segurança nas afirmações, Soraya falou à CPI dos Bingos sobre operações supostamente caracterizadas como caixa dois, em todas as oportunidades denotando trânsito e interesse de pessoas importantes no partido ou no próprio governo federal.
Soraya não poupou o ministro Paulo Bernardo e o ex-deputado José Dirceu, lembrando que nas vezes que foram a Londrina participar de eventos da campanha de reeleição de Nedson, sintomaticamente, alguns dias depois o dinheiro sempre aparecia.
A ex-assessora lembrou de uma visita de José Dirceu e deu a data, 20 de setembro de 2004, acrescentando que logo depois a coordenação da campanha recebeu R$ 300 mil em notas novas de R$ 100, cujos maços estavam envoltos com o logotipo do Banco do Brasil.
Ao longo da exposição, o senador Tião Vianna (PT-AC) duvidou da veracidade do depoimento, ao passo que o senador José Agripino (PFL-RN), também integrante da CPI, não se fez de rogado: ?Acredito em cada palavra que a senhora está dizendo?.
É justo que a cúpula do PT procure desqualificar o depoimento de Soraya Garcia, alegando que a mesma não apresenta provas documentais dos atos que denunciou, inclusive, à Polícia Federal.
Entrementes, é infantilidade supor que enredo com tamanha quantidade de dados verossímeis tenha sido forjado pela fértil imaginação da ex-colaboradora, se ela não tivesse acesso a informações confidenciais.
O pior dos cenários, que acrescentou volumoso dissabor a uma situação conturbada ao extremo da desfaçatez, foi a citação de Itaipu como fonte dos ?400 pilas? que aportaram à campanha. Soraya fez questão de enfatizar ter ouvido isso do tesoureiro de Nedson.
A Gtech, detentora de contratos milionários de prestação de serviços à Caixa Eonômica Federal, teria pago o aluguel dos carros alocados pela campanha londrinense, dentre os quais o BMW blindado usado para os deslocamentos de José Dirceu.
O recurso orquestrado é alegar a tardia confusão mental da jovem. Convencer a sociedade é problema algo mais complicado.
