Um grupo de pesquisadores do Departamento de Arquivo Público do Estado (Deap) está trabalhando na elaboração de mais uma publicação que busca resgatar passagens da história paranaense ainda pouco estudadas. Desde o início deste ano, a equipe seleciona documentos sobre os indígenas que viveram no Paraná nos tempos de província (entre 1853e 1889), para a produção de um catálogo ? o ?Catálogo de Documentos Referentes aos Indígenas?.
No ano passado, trabalho semelhante foi feito pelo Arquivo sobre o período da escravidão. Em outubro, o Deap lançou o ?Catálogo Seletivo de Documentos Referentes aos Africanos e Afrodescendentes, Livres e Escravos?, uma compilação de atos oficiais sobre o tema, dos anos 1853 a 1888. A publicação recebeu elogios de historiadores e foi um dos destaques de um encontro sobre escravidão realizado, no mesmo mês, em Porto Alegre.
O catálogo sobre os indígenas deverá ser lançado no segundo semestre deste ano, explica a historiadora Tatiana Marchette, coordenadora da Divisão de Pesquisa Histórica e Publicações, do Deap. O Arquivo Público já busca parcerias com outras instituições do governo e da sociedade, para ajudar na publicação e na divulgação do trabalho.
Surpresa
Nos mais de 30 dias que a equipe se dedica à análise e seleção de documentos sobre os indígenas, o trio ? além de Tatiana, o grupo é formado por mais uma historiadora e uma estagiária – se surpreendeu com a quantidade de papéis e com a qualidade de informações encontradas a respeito do tema.
?Já ultrapassamos o número de 2 mil documentos selecionados, e ainda não chegamos à metade do período a ser pesquisado. Estamos no ano de 1860. Mas o que mais chamou a atenção é que são documentos muito ricos, com bastante relatos, muitas informações?, observa a historiadora Tatiana.
Tratam-se de ofícios, despachos e outros atos oficiais que, em sua maioria, referem-se ao Norte Pioneiro, região de importantes aldeamentos indígenas, como os de São Pedro de Alcântara e o de São Jerônimo. Há, ainda, vários papéis que relatam ataques de índios a fazendas de Castro, Guarapuava, Palmas e Rio Negro. Em ofícios, os proprietários fazem pedidos, ao governo da província, de fornecimento de armas e munição para a defesa dessas localidades.
?Hoje praticamente não existe nada publicado sobre os indígenas no Paraná. O catálogo vai ser muito importante justamente para estimular a pesquisa sobre o tema?, salienta Tatiana.