O Departamento de Arquivo Público do Estado lança, na próxima segunda-feira, uma publicação feita para preencher uma lacuna encontrada por pesquisadores na hora de abordar a imigração de africanos para o Paraná.

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Trata-se do ?Catálogo Seletivo de Documentos Referentes aos Africanos e Afrodescendentes, Livres e Escravos?, um livro com mais de 1 mil ofícios, memorandos, despachos e atos oficiais, dos anos de 1853 a 1888, relacionados ao tratamento conferido pelo poder público local aos negros e descendentes que viviam na então Província do Paraná.

O lançamento está marcado para as 19 horas, no Teatro da Reitoria da Universidade Federal, em Curitiba. Logo após a solenidade, ocorrerão palestras que vão abordar a escravidão e o tráfico de africanos no século XIX. Em seguida, haverá espaço para debates (ver programação em box no final da matéria). O evento é aberto ao público. É só chegar lá e participar. No final, serão distribuído exemplares da publicação.

Sobre o catálogo

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De acordo com a historiadora Tatiana Marchette, coordenadora da Divisão de Pesquisa Histórica e Publicações do Arquivo Público, o catálogo reúne exatos 1.104 documentos. São atos oficiais como comunicados sobre a prisão de escravos, cartas de alforria, dados de censos, e outros, exemplifica ela. ?São documentos das ações administrativas da época, relacionadas ao tratamento dado aos africanos e descendentes, e que mostram o tráfico que existia.?

Os 1.104 papéis compilados fazem parte de um acervo sobre o tema, de propriedade do Arquivo Público, constituído por 2.379 volumes, e que abrange o período de 1853 a 1931. ?Optamos por catalogar os documentos de 1853 a 1888 porque é o período que vai da independência da Província do Paraná [perante a São Paulo] até a abolição da escravatura. Se fôssemos catalogar todo o acervo de uma vez não seria viável: ficaria uma publicação muito volumosa, não facilitaria a pesquisa?, explica Tatiana.

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Tiragem

A tiragem inicial será de 2 mil exemplares. Eles serão distribuídos em bibliotecas, escolas e outras repartições. Parte ficará no próprio Arquivo Público, para a consulta da população.

?O catálogo será um instrumento de pesquisa e informação, que vai promover novas reflexões acerca das relações escravistas na história local. A presença numérica de africanos no Paraná não se igualava à do Rio de Janeiro e da Bahia, porém a sociedade paranaense também possuía uma estrutura escravista?, ressalta a historiadora.

O trabalho de produção do catálogo durou mais de um ano. O Arquivo Público, vinculado à Secretaria de Estado da Administração e da Previdência, contou com o apoio das seguintes instituições: secretarias da Cultura e de Assuntos Estratégicos; Imprensa Oficial; Associação dos Amigos do Arquivo Público; e Departamento de História da Universidade Tuiuti.