Na última quinta-feira, dia 14, Arno Glitz, fundador da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), protocolou denúncia no Ministério Público Federal, encaminhada ao procurador da República, João Gualberto Garcez Ramos, denunciando por crime eleitoral o senador eleito Flávio Arns (PT) e o deputado estadual reeleito Hermas Brandão (PSDB). Segundo o autor da denúncia, os dois candidatos teriam utilizado a estrutura da Apae para obter votos nas eleições.

Pai de uma portadora de deficiência mental severa, Glitz trabalha como voluntário na Associação desde abril de 1961, e está judicialmente afastado do cargo de presidente da Apae de Curitiba desde maio do ano passado. A entidade está sob intervenção judicial, e desde então quem responde como interventora é a professora Maria Lúcia de Almeida Furquim.

De acordo com Arno Glitz, em maio a Apae iniciou uma intensa campanha explicando que a entidade passava por dificuldades financeiras. Para ele, o objetivo da campanha era chocar a opinião pública e preparar a situação para que o candidato Flávio Arns pudesse se apresentar como saída para evitar que a entidade não fechasse. “É evidente que os telespectadores sabiam que mesmo se a Apae fechasse os alunos não ficariam desamparados. Porém o choque ficou, e junto com ele a vontade de ajudar, que se transformaria (como se transformou) em voto assim que aparecesse um salvador da Apae”, conta.

O senador eleito Flávio Arns foi diretor do Departamento de Educação Especial (DEE) de março de 83 até 90, quando foi eleito deputado federal, cargo que vem ocupando desde 1991. Foi presidente da Federação Nacional de 91 a 95; presidente da Federação Estadual de 95 a 99, e novamente da Nacional, de 99 até julho de 2001.

De acordo com Arno Glitz, a interventora Maria Lúcia Furquim trabalhou no DEE nos anos 80, quando Flávio Arns era diretor. A interventora para assuntos financeiros, Angelina Matiskei, advogada, é procuradora e consultora jurídica, contratada e remunerada, da Federação Estadual há cerca de oito anos. Já o interventor adjunto, José Diniewicz, foi presidente da Apae de Irati e presidente da Federação Estadual, de 93 a 95, quando Flávio Arns era presidente da Nacional.

“Ele voltou a ser presidente da Estadual a partir de 99 até a presente data, depois que Arns ocupou este cargo de 95 a 99, num pingue-pongue de presidências para driblar a proibição estatutária de mais de uma reeleição com mandatos de dois anos, tanto na Nacional como na Estadual”, denuncia.

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