O escândalo armado em torno do vazamento da identidade de uma agente da CIA, Valerie Plame, que custou o emprego e o indiciamento criminal a I. Lewis "Scooter" Libby, o ex-chefe do gabinete do vice-presidente Richard Cheney, desandou nos últimos dias e deve terminar em pizza. Esse desfecho, que representa um grande alívio para a Casa Branca e um enorme embaraço para os teóricos da conspiração, que viram no episódio uma vingança orquestrada no topo do poder contra o marido de Plame, o ex-embaixador americano Joseph Wilson, um crítico da guerra do Iraque, tornou-se inevitável depois que a revista Newsweek revelou, no último domingo, que o vazador original da informação sobre Plame ao colunista Robert Novak, que a publicou no Washington Post em meados de 2003, não foi um alto assessor da presidência, mas ninguém menos do que o então vice-secretário de Estado, Richard Armitage, um ex-republicano do grupo "realista", que tentou em vão dissuadir o presidente George W. Bush de invadir o Iraque.

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Semanas antes de mencionar a Novak que Plame trabalhava para a CIA, alegadamente sem saber que a revelação de sua identidade poderia ser um crime, Armitage vazara a mesma informação a Bob Woodward, um dos repórteres do Post que revelaram ao mundo o escândalo do Watergate, nos anos 70. O caso, que foi investigado durante um par de anos por um promotor especial, Patrick Fitzgerald, ao custo de dezenas de milhões de dólares, adquiriu dimensões quase cômicas com a publicação da reportagem da Newsweek. Entre outras coisas, a revista revelou que Armitage admitiu ao FBI ter sido a fonte de vazamento três anos atrás, antes mesmo da nomeação de Fitzgerald. Libby foi formalmente acusado não pelo crime de vazar informação classificada, mas por uma canhestra tentativa de proteger a Casa Branca, que o levou a cometer crimes de perjúrio e falso testemunho.

Se o lado criminal do escândalo perdeu ímpeto e interesse com a revelação da participação de Armitage, o aspecto cível pode ter-se complicado. Plame, que deixou seu emprego na CIA depois do episódio, anunciou hoje, por meio de sua advogada, que acrescentará Armitage à lista de acusados do processo por danos que move contra o vice-presidente Dick Chaney, Libby e o estrategista presidencial Karl Rove que, segundo vários relatos da imprensa, teria sido a fonte secundária do vazamento.

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