Os índios caiovás-guaranis têm armas de fogo e estão prontos para resistir à desocupação das 14 fazendas que ocupam nos municípios de Iguatemi e Japorã, na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai. A reportagem do Estado foi recebida com tiros hoje na Fazenda São Jorge, em Iguatemi, invadida desde dezembro. Pelo menos dois entre dezenas de índios que cercaram a equipe não estavam armados só com arcos, flechas e bordunas. Um deles tinha um revólver e outro, uma espingarda. Outros estavam armados, pois enquanto um cacique conversava com o repórter, foram ouvidos vários disparos de armas de fogo à distância.

A ordem de despejo foi dada no último dia 16 pelo juiz federal Odilon de Oliveira, do Fórum de Dourados, e o prazo para a saída pacífica venceu ontem. A operação de despejo está sendo preparada peloa Polícia Federal. O superintendente da PF no Mato Grosso do Sul, Wantuir Jacini, está negociando o envio de reforços. No fim da tarde, cerca de 3,7 mil índios continuavam nas fazendas invadidas e seus líderes avisavam que haverá luta e mortes caso haja tentativa de retirá-los. “Tem gente aqui que quer a carne de branco. Nós conhecemos o mato, o branco não conhece. Podem matar muitos de nós, mas muitos deles também vão morrer”, disse o cacique. Ele não quis se identificar nem mesmo na sua língua.

Um grupo de fazendeiros reuniu-se em Iguatemi com o objetivo de discutir a questão. Segundo o produtor rural Márcio Margatto, eles querem que a decisão do juiz Oliveira seja cumprida de forma imediata. “Há um consenso de que precisamos fazer alguma coisa, pois parece não haver interesse em realizar o despejo determinado pela Justiça.” Os índios já invadiram mais de 9 mil hectares e, segundo Margatto, estão matando bois. “Eles foram vistos carregando sacos com carne na estrada”, disse.

continua após a publicidade

continua após a publicidade