Se em 2001, no auge da crise energética brasileira, os argentinos abasteceram o Brasil como puderam, agora é a vez de retribuir o favor. Em sua última passagem por Buenos Aires, a ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, acertou que serão enviados cerca de 300 MW médios para a Argentina a partir de 1º de maio. Os valores da negociação e a duração do acordo ainda não foram especificados pelo ministério.
A quantidade a ser exportada representa aproximadamente 0,75% do consumo brasileiro. A energia sairá da região Sul, onde os reservatórios de água nesta terça-feira estavam com 61% da capacidade preenchida. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), mesmo que o estoque de água baixe por causa da exportação, outras regiões brasileiras têm reserva suficiente para reabastecer o Sul. Hoje, a área que compreende o Sudeste e o Centro-Oeste mantinha os reservatórios com 75% da capacidade de preenchimento.
Enquanto o Brasil passa por uma boa temporada de chuvas, a Argentina opera seu parque gerador de energia perto da margem mínima, o que provoca blecautes constantes. Em parte, a crise energética acontece porque as usinas precisam de novos investimentos. Por outro lado, a recuperação da indústria depois da grave crise econômica pela qual passou o país exige maior consumo: só no ano passado, a demanda energética aumentou 8%.
?Passamos por uma situação semelhante e a Argentina nos ajudou, agora é o momento de fazer o mesmo por eles?, disse a ministra Roussef. Desde 1999, o Brasil vinha importando energia da Argentina esporadicamente, mas esta é a primeira vez que o negócio se inverte, de acordo com os dados do ONS.
Apagões
Enquanto a ajuda brasileira não chega aos argentinos, o presidente Nestor Kirchner tenta convencer o povo a gastar menos, principalmente porque se aproxima o inverno, época em que se consome mais energia no país. A gravidade da crise ficou explícita na semana passada, quando o governo argentino foi novamente obrigado a interromper o abastecimento de trinta grandes empresas do país.
A Argentina também discute a possibilidade de voltar a comprar o gás boliviano, que foi exportado ao país entre 1972 e 1999, gerando US$ 4,5 milhões à Bolívia no período. A intenção é importar entre 10 e 20 milhões de metros cúbicos diariamente, pouco menos da cota paga pelo Brasil atualmente, que é de 30 milhões de metros cúbicos.
Outra medida tomada pela Argentina para afastar a possibilidade de blecautes foi a suspensão do contrato de exportação de energia para o Uruguai. Com isso, o país do presidente Jorge Battle entra na fila dos sem-luz. O Brasil provavelmente concederá ao Uruguai 70 MW das estações de Rivera-Livramento e de Garaví, no estado do Paraná, segundo informou a assessoria do Ministério das Minas e Energia.
Argentina vai comprar energia de usinas brasileiras
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