Argentina vai adotar modelo de campanha de desarmamento brasileiro

A Argentina vai adotar, a partir de janeiro, uma campanha de desarmamento desenvolvida com base no modelo brasileiro, segundo informou hoje o representante da Unesco no Brasil, o argentino Jorge Werthein. O objetivo é desarmar civis e diminuir os índices de mortes por armas de fogo que tem crescido nos últimos anos, por influência da crise econômica.

Técnicos do Ministério da Justiça estiveram na Argentina no mês passado e mostraram como funciona a entrega de armamento pela população. Lá, o esquema será como o daqui: os cidadãos receberão recompensas por arma recebida e não precisarão se explicar sobre a procedência da arma.

De acordo com dados oficiais argentinos divulgados pelo Ministério da Justiça, em 66% dos homicídios cometidos naquele país em 2002 houve emprego de armas de fogo. Em Buenos Aires, no mês de setembro deste ano, foram registrados 1.479 assaltos a mão armada, cerca de 50 por dia.

"Não podemos mais conviver com estes índices", disse Werthein. "A campanha brasileira foi muito bem sucedida e merece ser copiada não só pela Argentina, mas por outros países da América Latina." Ele contou que uma outra frente, de entrega de armas de brinquedo, foi lançada em seu país na semana passada.

No Brasil, desde julho, quando a mobilização começou, a Polícia Federal recebeu 250 mil armas. A expectativa é que o número chegue a 600 mil até junho de 2005. Uma nova campanha publicitária, desenvolvida gratuitamente, sob encomenda do Viva Rio e do Instituto Sou da Paz, pela agência Giovanni, FCB, deverá dar novo fôlego à iniciativa.

O slogan escolhido foi "Acabe com sua arma antes que ela acabe com você." Estão previstas inserções na TV, rádio e também colocação de outdoors, a partir de janeiro. Os filmes mostram os perigos de se ter uma arma em casa.

Os comerciais foram apresentados hoje em durante a cerimônia de entrega do Prêmio Segurança Humana, do Viva Rio e da Unesco. Foram premiados autoridades e representantes de instituições que recolheram armas durante a campanha.

O governador em exercício do RJ, Luiz Paulo Conde, que representou a governadora Rosinha Matheus(PMDB), uma das agraciadas, aproveitou para fazer uma crítica aos meios de comunicação que, segundo ele, veiculam notícias sobre violência exageradamente. "Mostrar (as notícias) é uma coisa, explorar é outra", disse Conde. "Nós precisamos ter uma campanha de conscientização." Rosinha está de licença médica.

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