Em plena campanha à reeleição que será em outubro, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou hoje um aumento de 16,82% aos aposentados, elevando a aposentadoria mínima para 1.434,29 pesos (R$ 784,22). O valor é inferior ao salário mínimo que é de 1.840 pesos (R$ 1.006). Segundo a Agência Nacional de Seguridade Social (Anses), equivalente ao INSS, serão beneficiados 6,8 milhões de aposentados e pensionistas. Uma parte receberá um adicional de 45 pesos (R$ 24,6). “A medida implica um gasto anual extra por parte da Anses de 20 bilhões de pesos (R$ 10,9 bilhões”), informou a Anses.
Em março, o governo argentino já havia anunciado um reajuste de 17,33% para aposentados e pensionistas. “O aumento deste ano será de 37,06%”, informou a Anses. Nos últimos dois anos, o sistema de reajustes que o governo argentino vem aplicando inclui dois aumentos ao ano: um em março, sobre os seis meses anteriores, e outro em setembro, também sobre os seis meses prévios. A Argentina tem uma taxa de inflação de 25% ao ano, segundo consultorias e institutos privados. Mas, para o governo, a inflação anual está em 9,7%. Neste ano, os salários têm tido reajustes entre 20% a 35%.
“O aumento para os aposentados anunciado a cada seis meses é um reconhecimento do governo, apesar da maquiagem dos índices, sobre a elevada inflação”, disse o analista econômico Aldo Abram, diretor do Ciima, Centro de Investigações de Instituições e de Mercados da Argentina. “Em nenhum país do mundo existem aumentos de salários de 30% se a inflação é de 9,7%. Se os empresários e o governo convalidam semelhantes ajustes é porque a inflação real está no mesmo patamar, apesar de divulgar o contrário”, emendou.
Ao anunciar o reajuste, Cristina exaltou os benefícios que seu governo concede aos aposentados e pensionistas. “Em 2009, o aumento foi de 19,89%; em 2010, de 26,50% e, agora, de 37,06%”, disse, durante cerimônia de aniversário do Conselho Universitário Nacional. Ignorando a lei eleitoral que a proíbe de fazer campanha durante atos públicos, a presidente ressaltou os estímulos à educação universitária que o governo tem adotado desde 2003, quando o país era governado por Néstor Kirchner, morto em outubro.