O presidente do Banco Central argentino, Federico Sturzenegger, disse na manhã deste domingo, 20, em Assunção que empresas brasileiras devem receber até julho o valor referente a importações que companhias argentinas não pagavam por falta de acesso ao dólar.

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Ele participou de uma reunião de ministros da área econômica na 49ª Cúpula do Mercosul, que termina nesta segunda-feira, 21. No mesmo encontro, esteve o titular da Fazenda argentino, Alfonso Prat-Gay, que estimou essa dívida em US$ 5 bilhões na semana passada. “Já temos um cronograma e a partir de julho estará tudo normalizado”, disse Sturzenegger.

O crédito dos brasileiros foi acumulado no período em que o kirchnerismo controlou o acesso à divisa americana, processo iniciado em 2011 e encerrado na quinta-feira pelo governo de Mauricio Macri. A unificação brusca do câmbio levou a uma valorização do dólar de 41% e uma queda de 30% no poder de compra do peso.

A nova administração espera elevar no próximo mês em US$ 25 bilhões as reservas do BC, hoje em US$ 24,3 bilhões. Antes de desvalorizar sua moeda, o governo de Macri havia anunciado duas medidas de abertura. A primeira foi o fim de impostos sobre todas exportações agropecuárias, com exceção da soja, que teve sua taxa reduzida de 35% para 30%. A outra foi o fim da exigência de uma autorização para importações, alvo de reclamação constante de empresas brasileiras e argentinas. O chefe do BC previu que as três ações darão à Argentina um crescimento mais acelerado das suas exportações e o país normalizará o fluxo de capitais.

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Sturzenegger criticou indiretamente o governo kirchnerista ao mencionar Bolívia e Paraguai como referências em política macroeconômica na América Latina. “Quando ouvimos que os bolivianos têm uma inflação de 2,5% e um crescimento de 5%… Nos dá um norte. O Paraguai com inflação de 4%”, disse. O Brasil não esteve representado por Nelson Barbosa, que assume o Ministério da Fazenda nesta segunda-feira, 21.