Buenos Aires – As autoridades sanitárias argentinas anunciaram hoje (24) a proibição da entrada de carne bovina do Estado do Paraná, no Brasil, onde foram confirmados novos focos de aftosa nesta semana. Desde o segundo semestre do ano passado, o governo do presidente Néstor Kirchner aplica a proibição à importação de carne do Mato Grosso do Sul, onde surgiram focos da doença.
Segundo a resolução publicada no Diário Oficial, a carne a ser importada do Brasil "deverá ter origem em instalações que abatam e processem e armazenem somente bovinos e carnes bovinas que não procedam do PR e MS". Além disso, a resolução determina que será preciso assegurar que o tratamento e o transporte das carnes, posterior ao abate, seja realizado de forma tal que não sejam expostas a nenhuma fonte potencial de contaminação com o vírus da febre aftosa.
Enquanto isso, o governo argentino continua com rigorosas medidas para impedir que o foco de aftosa localizado na província de Corrientes, se espalhe para o resto do país. Segundo o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentícia (Senasa), quase um milhar de cabeças de gado – parte das quais estavam contaminadas, enquanto que outras eram potenciais infectadas – foram sacrificadas.
Nos próximos dias não se descarta que outras 2 mil cabeças de gado sejam mortas. O anúncio do surgimento da aftosa em Corrientes, no dia 8 de fevereiro, causou, a princípio, pânico entre os produtores bovinos, que temeram por uma repetição da crise de 2000-2001, quando o surgimento de duas centenas de focos de aftosa levaram o país à perda de 90% de seus mercados no exterior.
Na segunda semana do mês, as perdas deste ano eram estimadas em até US$ 700 milhões. No entanto, a rápida reação do governo Kirchner para debelar a doença, causou um efeito positivo nos mercados internacionais. Os principais importadores de carne argentina, isto é, a União Européia e Rússia (respectivamente, responsáveis por 38% e 36% das compras), anunciaram que só realizariam um embargo parcial de carne, que apenas atingiria o produto proveniente de Corrientes. O governo Kirchner argumenta que as perdas não serão superiores a US$ 280 milhões, o equivalente a 20% das exportações.